O celibato é uma exigência da Igreja Católica para que seus ministros exerçam o sacerdócio, e para muitos estudiosos da história do catolicismo, esse é um dos motivos que leva à homossexualidade e pedofilia dentro da denominação.
Entretanto, o celibato não foi suficiente para evitar que um padre do interior da Bahia abandonasse sua vocação para viver um romance com uma fiel. Gerônimo Moreira, 32 anos, engravidou uma jovem da comunidade onde servia e anunciou que deixará suas funções para assumir a paternidade.
A história foi revelada pelo padre da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Gavião, na missa do último domingo, 25 de agosto.
Gerônimo disse que as coisas saíram do controle: “Com o tempo fui observando que na nossa amizade tinha algo a mais: o amor, mas sempre procuramos deixá-lo só no nível da amizade, pois dizia que, se por acaso eu percebesse que não conseguiria manter o celibato, deixaria antes o ministério para não escandalizar a comunidade. Mas por ironia do destino não aconteceu como eu pensava e nos envolvemos concretamente e hoje ela está grávida e eu quero assumir a paternidade”, disse.
O padre exercia a função desde 2009, após ter passado por seis anos de estudos intensos sobre teologia e filosofia, e disse que o desejo pelo sacerdócio vinha desde a infância: “Minha família é religiosa, desde os 7 anos dizia que queria ser padre. Aos 13, 14 anos, comecei a namorar e parei de falar que queria ser padre, mas aos 20 anos terminei o segundo grau e resolvi que tinha que decidir o que faria e fui para o seminário em 2002″, relatou Gerônimo.
Em seu discurso de despedida, o padre revelou que entrou em crise quando se deu conta de que o sentimento pela jovem era maior que a amizade: “Quando aconteceu o primeiro beijo, a gente falava que aquilo não deveria ter acontecido. Ela ficava preocupada, ficamos assim alguns dias, mas não conseguíamos conter a vontade de ficar junto”, declarou. “Ninguém desconfiou, e se desconfiavam, não falavam. Somente nós dois sabíamos”.
O romance cresceu e virou uma gravidez, motivo que forçou o padre a tomar uma decisão: ou assumiria a paternidade, ou manteria seu sacerdócio escondendo o filho: “A gente precisava assumir. De imediato resolvi assumir. Nós conversávamos muito com medo da reação das pessoas, não queríamos ser motivo de escândalo para a comunidade. O pai dela disse que pela nossa amizade tinha medo que isso acontecesse, mas, como assumi, a família dela encarou com mais tranquilidade”, afirmou Gerônimo.
Para o futuro, Gerônimo planeja um reinício profissional, a fim de manter sua nova família: “Por enquanto trabalho como pedreiro, porque só tenho formação geral em filosofia, que não é reconhecida. Vou tentar faculdade na área de engenharia pelo conhecimento que já tenho na área de construção civil”, disse ao G1, adiantando que pretende pedir autorização para celebrar seu casamento na igreja: “Vou fazer um pedido formal para casar. O bispo ficou de se informar sobre os procedimentos. Acho que o padre precisa fazer uma carta pedindo dispensa para casar na Igreja. Geralmente os papas liberam”.
Gerônimo diz ainda que nada mudou em sua fé: “Só não vou servir como padre, mas vamos continuar ajudando como for possível”, concluiu.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+