A ditadura da Nicarágua, país controlado pelo esquerdista Daniel Ortega, parece ter reagido a uma entrevista recente concedida pelo Papa Francisco ao portal argentino Infobae, ocasião em que condenou a prisão de um bispo católico e pela primeira vez teceu críticas contundentes ao governo.
Francisco foi questionado sobre o que achava de uma declaração feita por Ortega, em que o ditador classificou “os bispos, os padres, os papas” como “uma máfia” no seu país, criando com isso uma narrativa para endossar a sua perseguição aos líderes da igreja local.
O Papa, por sua vez, respondeu: “Com muito respeito, não me resta que pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera [Daniel Ortega]. Lá temos um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio.”
“É algo que está fora do que estamos vivendo, é como trazer a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura de Hitler de 1935, trazendo as mesmas aqui… São um tipo de ditadura grosseira. Ou, para usar uma bela distinção da Argentina, guarangas. Guarangas”, completou o líder católico, segundo a Canção Nova.
Ruptura com o Vaticano
Após a repercussão da entrevista de Francisco ao periódico argentino, o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua emitiu um comunicado no domingo (12), ameaçando encerrar a relação diplomática com o Vaticano.
O texto não faz referência explícita à declaração do líder católico, mas diz que “diante das informações divulgadas por fontes aparentemente ligadas à Igreja Católica, o Governo de Reconciliação e Unidade Nacional de nossa Nicarágua (…) afirma que foi considerada a suspensão das relações diplomáticas entre o Estado do Vaticano e a República da Nicarágua”.
Desde que lideranças católicas passaram a se posicionar contra o autoritarismo de Ortega, na Nicarágua, bispos e freiras passaram a ser alvos de perseguição política no país.
Como resultado, mais de 50 países emitiram uma declaração conjunta, endossada pela Organização das Nações Unidas (ONU), condenando as violações de direitos humanos cometidas pela ditadura, documento esse que não foi assinado pelo governo Lula. Saiba mais, abaixo:
Governo Lula se nega a assinar declaração contra perseguição a cristão na Nicarágua