Em uma carta enviada à Conferência da Juventude da União Europeia, realizada em Praga, capital da República Tcheca, entre os dias 11 e 13 de julho, o Papa Francisco fez algumas declarações que chamaram atenção, ao alegar preocupação com o meio ambiente.
Isso, porque, segundo o líder máximo da Igreja Católica Apostólica Romana, a redução no consumo de derivados animais, como a carne, ajudaria a “salvar o meio ambiente”.
“É urgente reduzir o consumo não só de combustíveis fósseis, mas também de tantas coisas supérfluas. Também em algumas áreas do mundo seria conveniente consumir menos carne: isso também pode contribuir para salvar o meio ambiente”, afirmou o Papa.
A declaração de Francisco chama ainda mais atenção devido ao contexto em que ela ocorre. Há pelo menos um mês, agricultores europeus, começando pelos holandeses, vêm reagindo com protestos contra o ativismo climático que ameaça os seus negócios e, consequentemente, o tipo de alimentação mundial.
Tudo começou quando o governo holandês determinou a redução no país, por parte dos agricultores, de 50% das emissões de nitrogênio e amônia, algo que só seria possível se também houver a redução de até 30% do número de animais da agropecuária.
Como se não bastasse a medida autoritária em nome do “clima”, o governo também sugeriu que os agricultores que não se adequarem às regras climáticas deverão, literalmente, vender as suas terras ao Estado, caso contrário sofrerão restrições.
Por causa disso, os produtores iniciaram uma série de protestos por toda a Europa. Jos Ubels, vice-presidente da Força de Defesa do Agricultor na Holanda, lamentou a situação atual, explicando que até o momento o governo não tem cedido.
“Estamos lutando pelo nosso direito de produzir e viver como um ser humano em nosso país, em uma democracia onde temos o direito de ir às ruas protestar contra a legislação, e temos o direito de produzir , através de nossas licenças”, disse ele, segundo a CBN News.
O Papa do clima
A posição do Papa Francisco em defesa da redução do consumo de carne, portanto, termina endossando a narrativa do ativismo climático, indo ao encontro do que alguns analistas, como Steve Milloy, preveem como mais uma onda de autoritarismo que vem pela frente, a exemplo do que ocorreu durante a pandemia da Covid-19, mas dessa vez em nome do meio ambiente.
“São pessoas que querem controlar todos os aspectos de nossas vidas e isso inclui o uso de energia e o uso de alimentos”, diz Milloy, se referindo aos governos e agentes ligados ao ativismo climático.
“Eles acreditam que a produção de alimentos é um dos principais contribuintes para o aquecimento global, um dos principais contribuintes para os gases de efeito estufa, e eles não vão desistir da agricultura”, conclui o consultor.