Um pastor evangélico que foi condenado pela Coreia do Norte à prisão perpétua porque seu trabalho missionário foi considerado “atividade subversiva”, conseguiu sua liberação após dois anos e agora testemunha que a força mental para resistir à adversidade veio da oração incessante e da lembrança de versículos bíblicos que memorizou.
Hyeon Soo Lim, pastor de uma Igreja Presbiteriana em Toronto, no Canadá, contou no mês passado que viveu dias de “solidão irresistível” na prisão, já que não tinha permissão de ter contato com outros prisioneiros.
A liberação de Soo Lim ocorreu após extensas negociações entre as autoridades do Canadá e norte-coreanas, além de muita oração dos fiéis da denominação onde ele é pastor. Ao final, um pedido de clemência por motivos médicos foi atendido e o pastor recuperou sua liberdade.
Ao ser recebido pelos irmãos na fé, Soo Lim contou que as situações que enfrentou foram tão surreais que ele ainda sentia que tinha sido “um sonho”. “Verdadeiramente, isso foi tudo pela graça de Deus”, acrescentou.
“Fui condenado à morte pela Coreia do Norte, mas a sentença foi comutada a uma vida de trabalho duro, o que também foi a graça de Deus que me deu uma tremenda paz […] Desde o primeiro dia da minha detenção até o dia em que fui libertado, fiz 2.777 refeições isolado. Era difícil ver quando e como a prova completa terminaria, mas esse isolamento também me deu a oportunidade de passar um longo tempo de solidão com Deus”, contou.
Soo Lim era obrigado a cavar buracos no inverno, e o chão congelado tornava o trabalho mais difícil ainda, já que conforme a terra era remexida, o gelo derretia e o pastor ficava atolado em lama: “Foi incrivelmente desafiador. A parte superior de meu corpo suava, mas os dedos das minhas mãos e dos pés estavam congelados, eu também trabalhava dentro de uma instalação de armazenamento de carvão, quebrando o carvão congelado”, narrou.
O pastor, que tinha 62 anos ao ser preso, tinha a oportunidade de trabalhar em ambiente aberto durante a primavera e o verão. No entanto, o alívio por não estar num buraco era acompanhado das dificuldades naturais de se trabalhar sob um sol escaldante ao longo de oito horas diárias. Esse esforço gerou problemas de saúde, e ele foi internado por dois meses.
“Durante o meu tempo, li mais de 100 livros sobre a Coréia do Norte e comecei a entender melhor os 70 anos de história que formaram a nação“, disse ele. “Eu também li a Bíblia em inglês e coreano cinco vezes e memorizei mais de 700 versículos da Bíblia. Eu adorei a Deus por 130 domingos”, contou.
A “oração sem cessar” foi sua arma para enfrentar o tempo na prisão: “Houve muitos momentos difíceis, mas foi durante esse tempo que Deus me deu força para perseverar”, testemunhou.
“Houve momentos de desânimo, ressentimento e murmuração, mas isso logo se transformou em coragem, alegria e ação de graças. Aprendi a aceitar isso como uma forma de amor e disciplina de Deus para me fortalecer, pelo tempo perfeito e soberano de Deus. Cheguei em casa e aqui estou com vocês hoje”, concluiu.