Um renomado pastor afirmou que a tradição evangélica permitiu que algumas interpretações equivocadas sobre o Evangelho se perpetuassem entre as igrejas e fiéis, referindo-se a elas como falsos evangelhos.
O pastor emérito (ou jubilado, como se diz no Brasil) Erwin W Lutzer, ex-dirigente da Igreja Moody, em Chicago, Illinois (EUA), afirmou que há cinco falsos evangelhos encontrados no evangelicalismo atualmente.
A declaração foi feita durante sua participação no podcast “The Table”, comandado por Darrell Bock, diretor executivo de envolvimento cultural no Dallas Theological Seminary.
Durante a conversa, Lutzer listou cinco pregações equivocadas, sendo a primeiro a que fala sobre a “graça permissiva”, que envolve igrejas dizendo que as pessoas podem ser alcançadas pela graça sem transformação pessoal.
“Temos que pregar sobre o pecado e fazê-lo com compaixão para que as pessoas saibam que precisam da abundante e imerecida graça de Deus”, disse Lutzer, de acordo com informações do portal The Christian Post. “Mas hoje o que você encontra é que há muitas pessoas que pregam a graça antes mesmo de as pessoas realmente saberem que precisam”, lamentou.
Bock concordou, acrescentando que ele entende que esse seja um problema da “cultura ocidental em particular”, dizendo que muitos ocidentais têm um senso de direito, “como se Deus lhes devesse algo apenas por sua mera presença no planeta”.
“Eu acho que o direito consome uma apreciação do que a graça realmente significa, porque, você sabe, você não se aproxima de Deus com um senso de ‘Tenha misericórdia de mim; Sou um pecador’; você vem a Deus com uma atitude de dizer: ‘Bem, eu posso negociar com você sobre isso, e você realmente me deve de uma forma ou de outra’”, comentou Bock.
A segunda falsa pregação descrita pelo pastor emérito foi o “evangelho da justiça social”, que ele acredita que muitas vezes levou o “evangelho da conversão pessoal” a ser “deixado para trás”.
“A justiça social, por melhor que seja, no seu melhor, não é o Evangelho. Pode ser o resultado do Evangelho, dependendo de como é definido. Quero dizer, você pode ir para a África e todos os vários hospitais foram construídos por missionários”, explicou Lutzer. “Então, sempre tivemos uma consciência social, mas a justiça social não é o Evangelho. O Evangelho não é o que podemos fazer por Jesus; é o que Jesus fez por nós”, enfatizou o pastor Lutzer.
Em seguida, ele também listou as ideias da “nova era” como um falso evangelho que pode entrar numa igreja evangélica, e também o “evangelho da minha sexualidade”, que vem envolvendo igrejas evangélicas que não denunciam os pecados sexuais.
O último que Lutzer descreveu como uma ameaça às igrejas evangélicas foi o tal “diálogo inter-religioso”, especificamente os diálogos com os muçulmanos, que vem sendo descrito como “crislamismo”.
“Agora, não me oponho aos debates. E, claro, eu também argumento que precisamos fazer amizade com os muçulmanos; poderíamos falar sobre isso mesmo quando se trata de outras questões”, contextualizou o pastor Lutzer, que ilustrou os tipos de diálogos inter-religiosos saudáveis como o estudo sobre os aspectos sociais de outras religiões.
Lutzer afirmou que, nesse cenário, ele comprou um livro de apologética islâmica que inclui declarações como “o Islã sempre defendeu a justiça das mulheres; o Islã sempre esteve na linha de frente dos direitos civis; Maomé foi um homem de paz que tentou unir judeus e pagãos [em sua crença]”.
“Ele lida com ‘como você leva o Islã para uma audiência que provavelmente nunca viu um Alcorão, muito menos o leu, ou o Hadith, e como você os vende em uma versão do Islã que será aceitável?’ E muitas pessoas estão se apaixonando por isso, e eu advirto contra isso”, acrescentou Lutzer, explicando que o propósito deve ser sempre o de estar pronto para a defesa da fé.
A Igreja na Babilônia
A participação do pastor Lutzer no podcast, falando sobre os cinco falsos evangelhos que se instalaram nas igrejas, foi motivada pela divulgação de um livro que ele publicou em agosto de 2018, chamado The Church in Babylon: Heeding the Call to Be a Light in the Darkness (“A Igreja na Babilônia: Atendendo ao Chamado para Ser uma Luz nas Trevas”, em tradução livre).
O livro se aprofunda nessas questões em busca de respostas para que permitam aos cristãos descobrirem como podem viver em uma cultura “pagã”. Esse exercício se dá através de duas perguntas: “Como chegamos aqui?” e “Como nos preparamos para os dias sombrios e difíceis pela frente?”.
“Lutzer responde a ambas as perguntas. Ele o guiará pelos muitos paralelos entre a Igreja na América e o povo de Deus na Babilônia, e te encorajará a ser uma testemunha do Evangelho”, diz a descrição do livro. “Você será encorajado a não comprometer sua fé mesmo sob constante pressão de todos os cantos da sociedade. E mais do que tudo isso, você terá um novo encontro com Jesus Cristo, ao considerar o papel bíblico dos que estão no exílio”, conclui o resumo.