O governo dos Estados Unidos está em alerta por causa da promessa de um pastor americano em queimar o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.
O dia 11 de setembro está chegando, e um pastor americano ultraconservador teve uma ideia: “Vamos fazer dele o dia internacional de queimar o Alcorão”, anunciou.
Na internet, Terry Jones, que dirige uma igreja evangélica no interior da Flórida, diz que seria um protesto contra os radicais islâmicos que causaram os atentados, há nove anos.
A notícia chegou ao Afeganistão, país muçulmano, e centenas de pessoas protestaram gritando: “Morte à América”.
O comandante das tropas americanas no Afeganistão reagiu dizendo que o risco para civis e militares vai aumentar, e a missão americana vai ficar mais difícil.
O governo dos Estados Unidos está preocupado, revelou Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca.
O Irã também se manifestou: o porta-voz para assuntos exteriores disse que o insulto ao livro sagrado vai provocar reações incontroláveis nas nações muçulmanas.
Toda essa discussão vem logo depois de outra grande polêmica: a construção de uma mesquita em Nova York, a poucos metros do local onde ficava o World Trade Center. Muitos americanos criticaram as autoridades por terem dado permissão para que um centro islâmico seja instalado em um prédio.
Ao comentar a obra, o líder muçulmano que propôs o centro falou em integração. O prefeito de Nova York, que é judeu, falou em liberdade.
Em busca de um tom conciliador, líderes muçulmanos, judeus e cristãos se reuniram na tarde desta terça-feira (7) em Washington. Eles falaram sobre uma crescente onda de medo e intolerância nos Estados Unidos e condenaram essas atitudes.
Protestos em todo o mundo e acusações de “idiota e perigoso”
O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, disse nesta terça-feira (7) que é “idiota e perigosa” a ideia de uma igreja batista do estado da Flórida de queimar um exemplar do Alcorão, livro sagrado do Islã, no dia do aniversário dos ataques do 11 de Setembro.
A declaração foi feita durante reunião com líderes religiosos em Washington, com o objetivo de encontrar meios de combater a violência religiosa. Ela foi citada aos jornalistas por líderes que participaram do encontro e confirmada por um funcionário do Departamento de Justiça, que não quis se identificar.
O plano de queimar o livro sagrado é da Dove World Outreach Center, uma igreja cristã fundamentalista. Eles pretendem queimar o exemplar no sábado, na cidade de Gainesville.
A ideia provocou protestos em várias partes do mundo, inclusive da Casa Branca, do Vaticano, do Irã e do comandante das tropas internacionais no Afeganistão, mas a igreja anunciou que não pretende recuar.
“Estamos firmemente determinados em fazê-lo”, disse à CNN o pai da iniciativa, Terry Jones, pastor da igreja.
“Sabemos que este ato poderá efetivamente ofender (…), mas acreditamos que a mensagem que tentamos transmitir seja muito mais importante que o fato dessas pessoas se ofenderem. Acreditamos que não devemos retroceder diante dos perigos do islã”, completou.
O general americano David Petraeus, comandante em chefe das forças da Otan e das tropas americanas no Afeganistão, avisou que o ato serviria de propaganda aos talibãs no Afeganistão e reforçaria o sentimento antiamericano no mundo muçulmano.
“Estou muito preocupado com as possíveis repercussões”, disse Petraeus. “Poderá colocar em perigo tanto as tropas como o esforço global no Afeganistão. É precisamente esse tipo de ação que os talibãs utilizam e poderá gerar problemas significativos”, completou o general.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, concordou com Petraeus. A queima do Alcorão “coloca nossas tropas em uma situação perigosa”.
O “L’Osservatore Romano”, o jornal do Vaticano, publicou um artigo cujo título era “Que ninguém queime o Alcorão”, enquanto o Irã advertiu que o ato poderá provocar reações “incontroláveis”.
“Aconselhamos os países ocidentais a impedir a exploração da liberdade de expressão para insultar livros sagrados, caso contrário os sentimentos provocados nas nações muçulmanas não poderão ser controlados”, afirmou o porta-voz do Ministério de Assuntos Externos iraniano, Ramin Mehmanparast.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, qualificou a ideia de “provocadora, desrespeitosa e intolerante”.
Na Indonésia, país com maior população muçulmana no mundo, a minoria cristã também teme tensões.
A organização que reúne 20.000 igrejas cristãs protestantes da Indonésia enviou uma carta ao presidente Barack Obama para que ele intervenha no caso.
Fonte: G1 / Gospel+