Considerada uma prática comum em algumas igrejas neopentecostais, o “cair no Espírito” é visto por muitos como uma manifestação do poder de Deus. Todavia, para o pastor e escritor Ciro Sanches Zibordi, essa doutrina não encontra respaldo nas Escrituras Sagradas, uma vez que se distancia do que foi praticado por Jesus Cristo e seus discípulos.
“Muitos neopentecostais ou pentecostais mal-orientados têm atrelado erroneamente o ‘cair no Espírito’ às verdades pentecostais”, escreveu o pastor, citando em seguida várias passagens utilizadas por pessoas que tentam fundamentar essa doutrina, porém, de forma distorcida, como no exemplo de Atos 2:1-16:
“De fato, os primeiros cristãos batizados com o Espírito Santo foram tidos como embriagados, mas o texto bíblico mostra que a zombaria dos judeus religiosos de todas as nações não se deu em razão de eles terem visto pessoas caídas ao chão ou tomadas por uma prolongada ‘unção do riso'”.
“Na verdade, o servos de Deus pareceram estar embriagados porque, de modo sobrenatural, começaram a falar nas línguas de pessoas de diferentes nacionalidades que ali estavam (vv. 5-13)”, continua o pastor.
Outra passagem que Zibordi explica o seu contexto correto é a de 1 Coríntios 1.25, utilizada por quem defende o “cair no Espírito” para tentar justificar que toda forma de expressão corporal ou verbal pode ser uma “manifestação do Espírito”, já que para o mundo às coisas de Deus parecem “loucura”.
“O termo “loucura de Deus” não se refere à loucura proveniente de Deus. Trata-se de figuração de linguagem alusiva à superioridade da sabedoria do Senhor em relação à dos homens”, explica Zibordi.
Na passagem de João 14.12, o pastor diz que ela “tem sido muito citada na tentativa de avalizar o ‘cair no Espírito’, visto que o Senhor Jesus disse: ‘aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas’. Entretanto, o termo ‘obras’ (gr. ergon) não significa ‘novas unções’ ou ‘manifestações exóticas’, e sim: ‘trabalho’, ‘ação’, ‘ato’.”, acrescenta o pastor.
Por fim, Zibordi afirma que denominações que pregam o “cair no Espírito” como elemento doutrinário geralmente se distanciam do ensino correto das Escrituras, adotando práticas divergentes das ensinadas por Jesus Cristo.
“O que tenho percebido em minhas pesquisas é que, nas igrejas em que ocorre o ‘cair no Espírito’, a exposição da Palavra do Senhor se torna secundária ou até desnecessária. E mais: à luz de Marcos 9.17-27 e Lucas 4.35, são os demônios quem lançam pessoas ao chão!”, conclui o pastor.