O pastor Elizeu Rodrigues está sendo alvo de críticas por internautas, após um vídeo onde ele aparece criticando o uso do termo “você” para se referir a Deus em músicas evangélicas ganhar repercussão nas redes sociais.
Para o pastor Elizeu, músicas como “Só quero ver você” e “Apaixonado”, gravada pela renomada cantora gospel Aline Barros, não correspondem ao que a Bíblia declara sobre a glória de Deus, sendo, portanto, teologicamente erradas por se referirem ao Criador dos céus e da terra simplesmente como “você”.
“As músicas estão humanizando Deus e divinizando os homens. Chamando Jesus de você”, disse o pastor, citando como exemplo a forma como nos dirigimos às autoridades humanas. Em outras palavras, o pastor Elizeu demonstrou que, na prática, damos mais importância a maneira como desejamos ser tratados do que com a honra do próprio Deus.
“Eu não chamo meu pai de você. Eu não chamo meu sogro de você (…) Como você chama um deputado, um juiz? De vossa excelência. E quer chamar meu Jesus de você? Tem que tremer diante deste nome”, alerta o pastor.
Muitos internautas criticaram o pastor, alegando que podemos nos dirigir a Deus como “você” porque isso reflete intimidade com o pai. Para outros essa é apenas uma questão linguística e que não diz respeito, necessariamente, ao respeito que temos pelo Senhor.
“É uma questão gramatical e não teológica. No caso analisa se é correto usar o Pronome Pessoal de Tratamento, “Tu” ou “Você”. Por mim não há diferença em dizer; Você Senhor! ou; Tu Senhor!”, escreveu um usuário do Facebook.
A Bíblia fundamenta o alerta do pastor Elizeu Rodrigues
O que se percebe na discussão sobre como devemos nos dirigir a Deus é que muitos se esquecem de recorrer à Bíblia para solucionar o caso. Como fonte máxima de autoridade do cristianismo, os textos sagrados referenciam o alerta do pastor Elizeu.
Na cultura semítica, por exemplo, o nome de Deus é considerado tão sagrado que muitos judeus se recusam a pronunciá-lo, com medo de violar o quarto mandamento descrito em Êxodo 20:7: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.
Assim, outros termos como “Elohim” e “Eterno” são utilizados em referência ao Senhor. Às palavras “Deus” e “Senhor” também são exemplos disso, mais abstratas e universais. Todavia, a Bíblia declara que o próprio Criador (outro termo) apresentou o seu nome, descrito em Êxodo 3:13-15, como está escrito:
“Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.
E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração”.
No texto acima Deus afirma que “este é o meu nome eternamente”, deixando claro logo em seguida que é assim que deseja ser lembrado “de geração em geração”.
Desse nome, “EU SOU O QUE SOU”, originou o tetragrama “YHWH”, que em sua origem do hebraico pode ser traduzido como “Ele É o que É”, no sentido de existência, refletindo assim a própria natureza de Deus.
Um nome confirmado pelos patriarcas e por Jesus Cristo
Desde então o nome de Deus na Bíblia é citado milhares de vezes em sua fórmula original, como sinal de profunda reverência ao seu significado. O salmista declara em Salmos 83:16-18, por exemplo, que devemos ficar constrangidos de buscar o seu nome, enquanto no capítulo 72:17 exorta que ele deve ser propagado:
“O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem-aventurado”.
O mesmo salmista exorta que devemos dar ao nome do Senhor a sua devida glória (Salmos 29:2), enquanto o profeta Malaquias ressalta que Deus se inclina aos que o temem (Malaquias 3:16) e Joel nos lembra que mediante a invocação desse nome (personificado em Cristo) obtemos salvação (Joel 2:32).
Por fim, o próprio Jesus Cristo, mesmo tendo a maior intimidade de todas com o Senhor e sendo Ele mesmo Deus, fez questão de se dirigir ao Criador com termos de reverência e adoração, como “Senhor” e “Pai”, enfatizando em sua oração descrita em João 17:26 que um dos seus propósitos foi cumprir exatamente o Salmo 72:17 descrito acima.
“E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja”, declarou Jesus.
Isto é, entre os patriarcas e o próprio Cristo a intimidade com Deus não se confundiu com falta de reverência. Pelo contrário, quanto mais íntimos, mais àqueles homens e mulheres entenderam que adorar a Deus significa, também, honrar e temer o nome que é sobre todo o nome (Filipenses 2:9,10)