A questão dos dízimos e ofertas ainda é um assunto muito debatido nas igrejas em geral. Parte disso se deve ao surgimento da Teologia da Prosperidade, uma corrente setorial da teologia cristã desenvolvida nas igrejas neopentecostais.
Visando esclarecer um pouco mais o tema, o Presbítero e escritor Solano Portela, da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, em São Paulo, explicou o significado dos dízimos, revelando aspectos fundamentais para a compreensão do tema.
Segundo Portela, “o erro fundamental da teologia da prosperidade é a barganha com Deus através do dízimo e não o dízimo em si”. Com isso, o Presbítero diferencia o conceito de “teologia da prosperidade” e “dízimo”. Enxergar o dízimo como um meio de obter favores de Deus, achando que podemos exigir coisas do Senhor pelo simples fato de dizimar, é um erro.
Por outro lado, o dízimo é algo recomendado na Bíblia como uma contribuição voluntária e planejada, algo que no Novo Testamento assume um significado maior de doação:
“O primeiro princípio neo-testamentário, é que a Bíblia ensina que deve-se contribuir planejadamente. Escrevendo aos coríntios, Paulo diz: ‘Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria’. Frequentemente este trecho é estudado apenas em seu entendimento superficial”, explica Portela.
Dessa forma, o Presbítero confronta uma das características marcantes dos adeptos da Teologia da Prosperidade, que é o apelo por doações com base em um clima de comoção emocional, geralmente durante cultos ou programas de TV:
“A contribuição deve ser alvo de prévia meditação e entendimento. Isso indica, com muito mais força, que ela deve ser uma contribuição planejada, não aleatória, não dependente da emoção do momento”, disse ele. Todavia, o Presbítero explica que isso não significa ser errado fazer doações por emoção ou mesmo impulso, mas apenas que tal prática não é o ensina central da Bíblia:
“O dar com emoção é válido. O dar seguindo o impulso momentâneo do coração, possivelmente, mas ambos não se constituem no cerne do “dar” neotestamentário”, completa o Presbítero, segundo uma publicação feita em seu site.
A essência do dízimo está na adoração
Por fim, Solano Portela enfatiza que a essência do ato de dizimar vai muito além do valor que é dado. Se trata de um ato simbólico de reconhecimento da soberania de Deus na vida do cristão, em todos os aspectos. Na prática, portanto, dizimar é adorar a Deus por saber que dependemos dEle:
“O exercício correto da mordomia é muito mais abrangente do que simplesmente contribuir. Envolve a responsabilidade total sobre todos os recursos que são recebidos como bênçãos de Deus nas nossas vidas”, escreveu ele.
“A contribuição não é ‘ponto de barganha’ com Deus. Por mais sistemática, proporcional e planejada que ela deva ser, permanece uma plataforma de adoração. Ela não tem eficácia para expiar pecados, nem para angariar ‘favores’ de Deus. Deus condena aqueles que se esmeram no contribuir, mas se apresentam à adoração em pecado”, conclui Solano.