Pastor deve falar sobre política na igreja? Essa é uma questão que se perpetua no meio evangélico e de tempos em tempos é usada pela grande mídia associada ao conceito de Estado laico como forma de silenciar a manifestação dos fiéis nessa área.
Um vídeo sobre o tema, gravado por um renomado escritor e professor de teologia, aborda os aspectos políticos tratados na Bíblia Sagrada e enfatiza que a prioridade do pastor deve ser a pregação do Evangelho, o que por sua vez não censura o dirigente de uma congregação a falar a respeito dos temas presentes na sociedade.
O escritor e teólogo Wayne Grudem, 73 anos é titular do Departamento de Teologia Bíblica e Sistemática na Trinity Evangelical Divinity School, nos Estados Unidos, uma das mais conceituadas escolas teológicas do país.
“Eu acho que pastores devem ensinar a Bíblia toda, tudo aquilo que a Bíblia ensina. Em Atos 20:26-27, Paulo diz que devemos ensinar todo o conselho de Deus. Isso inclui ensinar a respeito dos reis bons e maus no Antigo Testamento, significa ensinar sobre Salmos e Provérbios, quando falam sobre reis e governantes bons e maus, significa ensinar sobre Romanos 13, que fala sobre o propósito do governo”, introduziu Grudem.
“Eu acho que pastores devem pregar sobre 1 Pedro 2, que fala sobre o propósito do governo civil, do imperador e governantes ‘como por Ele enviados para punir os praticantes do mal e honrar os que fazem o bem’. Acho que pastores devem pregar sobre essas coisas”, acrescentou.
Valores morais
Questões que geram desconforto social em tempos de predominância do “politicamente correto” não devem ser ignoradas ou omitidas pelos pastores, asseverou o teólogo: “Há outras questões que enfrentam o público geral que têm a ver com os ensinamentos morais na Bíblia. Questões como proteção à vida de uma criança não nascida, ou a proteção de pessoas idosas. Qual é o conceito ou a definição de casamento da sociedade? Na Bíblia, o casamento deve ser entre um homem e uma mulher. Eu acho que é correto os pastores falarem a respeito disso”, contextualizou o professor de teologia.
“Acho que os pastores devem falar de assuntos políticos quando tem a ver com a liberdade religiosa. Então, pelo menos no que diz respeito à proteção da vida, casamento, família e liberdade religiosa, essas são questões importantes para os pastores falarem. Também acho que os pais devem ter o direito de controlar como seus filhos são educados, ser capazes de protestar e dispor de alternativas se o ensino escolar estiver ensinando valores contrários à Bíblia”, conceituou.
Grudem, no entanto, fez uma recomendação de cautela ao tratar sobre política: “É preciso sabedoria para saber sobre quais assuntos falar. […] Eu acho que isso deve ser feito com cautela, tomando conselhos sábios de presbíteros e de outros de sua igreja. Mas, certamente é responsabilidade do pastor ensinar e educar sua congregação a respeito das questões morais que impactam seu mundo político”.
Ao final, o escritor e teólogo sublinhou qual deve ser a prioridade ministerial de um pastor: “O principal motivo de as pessoas irem à igreja é o de conhecerem a Deus, saberem orar, poderem se reunir com outros cristãos, orarem juntos e receberem oração, adorarem a Deus juntos. Esse deve ser o foco e não a política. Então, devemos preservar o ponto principal que é a pregação do Evangelho de Jesus Cristo, as boas novas da salvação, como crescer na vida cristã e vivê-la, como orar, como cultuar. Essas coisas devem ser centrais”, concluiu Wayne Grudem.