A descoberta de novos manuscritos que são atribuídos ao tempo ou à região da Igreja Primitiva suscita inúmeras dúvidas em fiéis e intriga pesquisadores, que tentam conciliar tais textos com o conteúdo do Novo Testamento, e obter novas informações sobre o período inicial do cristianismo.
Um pastor e professor teológico está lançando nos Estados Unidos um livro que provavelmente irá sacudir o mundo acadêmico e causar polêmicas no meio cristão. Hal Taussig escreveu o livro A New New Testament: A Bible for the 21st Century Combining Traditional and Newly Discovered Texts (ainda sem título em português, mas que pode ser entendido como “Um novo Novo Testamento: Uma Bíblia para o século 21, combinando textos tradicionais e descobertas recentes”).
A ideia do livro é fornecer dados e informações para estudantes de teologia e fiéis em geral, a respeito das informações que foram conseguidas a partir das descobertas contemporâneas, mesclando esses dados aos escritos tradicionais.
“Este projeto veio se desenvolvendo lentamente ao longo dos últimos 20 anos […] Aprendi que muito das novas descobertas de antigos documentos cristãos significava muito espiritualmente e intelectualmente para aqueles que ouviram sobre eles. Por exemplo, os casos do Evangelho de Maria, O Trovão: Mente perfeita, os Atos de Paulo e Tecla e outros. Muitas pessoas em diferentes circunstâncias ficavam me perguntando por que esse material não estava no Testamento Novo tradicional”, diz Taussig, explicando o que o motivou a publicar o livro.
Anteriormente, o pastor Hal Taussig já foi absolvido de acusações de heresia na Igreja Metodista Unida, devido às abordagens propostas por ele em seus livros: “Eu posso dizer que eu tenho uma boa quantidade de experiência com controvérsia nacional […] Durante as acusações de heresia contra meus primeiros livros, eu achei bastante fácil de se concentrar principalmente sobre a promessa de que eu estava fazendo, em vez de os danos causados a mim”, afirma o pastor.
Na entrevista concedida por ele ao blogueiro e escritor Bruce Reyes-Chow, o pastor comentou as acusações de ter ido longe demais ao considerar os livros apócrifos como viáveis para a edição de um “novo Novo Testamento”, e disse que o conteúdo deles não é desprezível: “Gostaria de citar-lhes como Maria Madalena no Evangelho de Maria consola o resto dos discípulos depois que Jesus os deixou. Gostaria de citar-lhes as Odes de Salomão que soam muito como os Salmos, na Bíblia, mas incluem Jesus naqueles ‘novos’ Salmos. Eu falaria a eles sobre como os discípulos, na Carta de Pedro a Filipe são ameaçados de morte, e que no entanto, voltaram às ruas para ensinar e curar. Gostaria de perguntar-lhes o que eles pensam dessas novas descobertas do início do cristianismo, e se eles pensam que são importantes para o público conhecer”, defendeu-se o pastor, que complementou: “Neste trabalho, é preciso manter o foco sobre o mérito da questão, e não se distrair com as pessoas que tentam desacreditar por insinuações e acusações”, pontuou.
Hal Taussig disse ainda como espera que esse livro que se propõe a ser um “novo Novo Testamento” seja visto pelas pessoas: “Espero que cristãos e não cristãos o usem como usam o Novo Testamento tradicional. Ou seja, como uma forma de estar mais perto de Deus, mais em sintonia com toda a vida, e desafiados a crescer em caráter, espírito de moralidade; Como uma nova forma de visualizar como o cristianismo começou. Isto é, como um prisma novo espumante das muitas visões e experiências diferentes dos muitos grupos que eventualmente fizeram parte da realidade do cristianismo emergente; E como uma forma de aprofundar o relacionamento com o Novo Testamento existente, novas iniciativas para tornar o cristianismo a se apresentar vivo para indivíduos e comunidades, e aqueles que procuram uma forma mais animada do mundo”, disse o pastor.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+