A decisão de suspender cultos tomada por muitas igrejas no Brasil tem sido criticada por parte dos fiéis, que acreditam que trata-se de covardia e que as congregações devem se manter reunidas mesmo durante a crise causada pela pandemia de coronavírus.
Essas críticas, no entanto, são consideradas pelo pastor Renato Vargens como equivocadas. O teólogo e escritor que lidera a Igreja Cristã da Aliança, em Niterói (RJ), publicou artigo com os argumentos levados em conta pelas igrejas que decidiram suspender os cultos presenciais – muitas têm optado por realizar as celebrações online – como forma de prevenir a disseminação do vírus.
De início, Vargens fez questão de contextualizar de que se trata a atual crise mundial de saúde: “Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Como todos sabemos o novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, após casos registrados na China. Denominado de COVID-19, o novo coronavírus tem vitimado pessoas na China, Itália, França e Espanha, Estados Unidos, além de outros países do mundo”, resumiu.
O pastor, em seguida, pontua que “em um intervalo de apenas 24h, tivemos um crescimento de 65% de casos confirmados” no Brasil: “De 121 infectados passamos para 200, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na tarde do último domingo (15). A América Latina já soma ao menos 612 registros e países como Argentina, Colômbia, Equador e Chile anunciaram o fechamento de fronteiras”, acrescentou.
“Em virtude disso, muitas igrejas, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, preocupadas com a gravidade do quadro cancelaram seus cultos e atividades, o que gerou críticas exageradas por parte de alguns. Nessa perspectiva muitos afirmaram que a igreja que não se reúne é covarde, que tem medo de perseguição, que o vírus é fake, além de outras bobagens mais”, lamentou o pastor no texto publicado pelo portal Pleno News.
Um dos críticos das decisões de suspensão dos cultos é o líder do Ministério Internacional da Renovação (MIR), Renê Terra Nova. No Instagram, ele publicou um texto dizendo que “os profetas da Bíblia repreendia (sic) as pragas! Os de hoje cancelam os cultos”.
Esse tipo de argumento, na visão de Vargens, é irresponsável: “Seja racional. O mundo está em crise, incluindo a China que vive um momento de queda em sua economia. Isso nos leva a crer que os críticos de que a situação não passa de uma jogada econômica, demonstram ser desconhecedores da real situação mundial”, avaliou o pastor.
“Quanto as igrejas que não estão se reunindo, é importante salientar que elas não o fazem porque estão com medo da morte, nem tampouco, por que são frágeis em sua fé. Na verdade, algumas igrejas estão deixando de se reunir porque entendem que reuniões públicas onde há grandes aglomerações podem contribuir com a disseminação do coronavírus. Portanto, antes de afirmar que essas igrejas são covardes, entenda que o que está em jogo é a saúde de uma população carente e sofrida como a brasileira, o que exige das igrejas ações práticas de proteção e prevenção”, finalizou.