Um gesto da ministra Damares Alves encorajou centenas de pessoas que se identificam como ex-gays a se expressarem publicamente a respeito de sua mudança de vida. O grupo, liderado pela pastora Miriam Fróes, ganhou notoriedade e adeptos no últimos meses.
O Movimento dos Ex-Gays do Brasil (MEGB) reúne, atualmente, cerca de 600 pessoas em todo o Brasil que garantem ter abandonado a homossexualidade através da mensagem do Evangelho e, em boa parte dos casos, passado a se relacionarem com o sexo oposto.
O impulsionamento do MEGB se deu após Damares Alves receber representantes do grupo no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos em agosto de 2019. O trabalho liderado por Miriam Fróes tem como característica apoiar médicos e psicólogos que sugerem uma abordagem científica à homossexualidade, pontuando que atração por pessoas do mesmo sexo não é doença.
“No movimento não se fala em cura. Queremos, inclusive, nos desassociar desta relação com a ‘cura gay’, que é uma batalha justa e louvável dos psicólogos, mas não é a nossa causa. Nossa premissa é a conversão ao Evangelho em Cristo”, diz a pastora, referindo-se ao termo pejorativo cunhado pela grande mídia para a pregação que estimula o abandono da homossexualidade.
Na entrevista ao jornal Gazeta do Povo, Miriam Fróes foi enfática ao reiterar a visão bíblica sobre o assunto: “Homossexualidade é pecado. Temos o conceito cristão que temos que buscar viver longe dos pecados, todos eles. Os pecadores se arrependem e desejam não mais pecar. Usam a espiritualidade para controlar impulsos”, declarou.
Miriam relata que ela mesma viveu experiências homossexuais entre os 13 e os 33 anos, mas há mais de 20 anos vive na heterossexualidade, liderando a Igreja Manancial Palavra Viva.
A inspiração do MEGB são movimentos similares internacionais, como a Freedom March (Marcha da Liberdade), nos Estados Unidos, um evento anual em que ex-gays saem às ruas para testemunhar que conseguiram mudar seus comportamentos por meio da fé. Outras referências são o grupo “Puro Amor”, da Itália e a organização “Ex Gays del Peru”.
“Movimentos que querem defender, apenas, que existe a possibilidade de se ter uma vida normal e feliz após a homossexualidade”, explica a líder dos ex-gays no Brasil.
O apoio de Damares Alves à causa é algo visto como natural pela pastora: “O Ministério [da Mulher, Família e Direitos Humanos] tem recebido diversos movimentos relativos às minorias e reconhecido esses grupos. Também buscamos este reconhecimento. Precisamos mostrar que existimos”, ponderou.
Uma das preocupações do MEGB é com o texto da lei que criminaliza a homofobia, e o assunto foi debatido com Damares Alves: “Tem trechos da lei, que foi inserida na lei de racismo, que diz que eu posso ter liberdade religiosa, contanto que alguém ouvindo a minha fala não se sinta ofendido. Um testemunho da minha vida pessoal vai declarar que homossexualidade é pecado e alguém pode se sentir ofendido e me enquadrar”, explicou a pastora.
“As pessoas não acreditam na possibilidade de saída da homossexualidade. Duvidam, colocam em descrédito, aqueles que foram e não são mais. Respeitamos quem opta por viver na homossexualidade, não queremos mudar o mundo com nossa visão, não queremos impor ao mundo nossa posição e nosso pensamento. Mas, hoje, existe uma naturalidade que reforça a maneira do outro viver na homossexualidade e respeita-se o direito de a pessoa ser o que ela diz ser. Mas o ex-gay não, vira algo de outro mundo declarar-se ex-gay, enquanto é crime achar que a homossexualidade é de outro mundo”, argumentou Miriam Fróes.
Por fim, a líder do MEGB enxerga que a ciência pode ser uma aliada na causa do grupo: “Acreditamos, sim, na psicologia, porque suas ferramentas dão nome aos conflitos. Como ciência, a psicologia vem ajudar e te faz ter uma visão melhor do que está se passando com você, ele norteia tuas emoções e comportamento. Apoiamos, assim, o modo como a psicologia cristã enfrenta essa questão, não a que acha que a homossexualidade é nata e pronto”, concluiu.