Uma receita de gargarejo recomendada por um pastor como uma estratégia adicional para combater o coronavírus se tornou viral nas redes sociais e levou veículos de imprensa a repercutirem o caso.
Waldeir de Oliveira gravou um vídeo em que preparava a receita, que inclui um copo de água morna, meio limão e uma colher de chá de bicarbonato de sódio. A mistura, supostamente, ajuda a limpar a garganta, e seria uma forma adicional de prevenção do coronavírus.
O pastor da Assembleia de Deus Ministério da Missão, em Praia Grande (SP) em nenhum momento diz que se trata da cura ou que esse método dispensa o uso de máscaras ou higiene das mãos com água e sabão ou álcool gel. Também não faz nenhum tipo de incentivo a aglomerações.
“Você vai fazer gargarejo antes de dormir todos os dias, e você não vai pegar o coronavírus, porque ele fica quatro dias alojado na garganta. Faz até acabar a água. Depois você me diga como é o resultado”, diz o pastor Oliveira.
Em outro trecho, o líder evangélico diz que Israel está imune ao novo coronavírus, e que não se ouve falar do país na mídia em relação a mortes pela doença. Em sua visão, é porque a receita que ele estava compartilhando é usada pelo povo judeu desde o começo da pandemia. No entanto, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que Israel tem mais de 16 mil casos e já registrou mais de 200 mortes.
O portal G1 repercutiu o vídeo e ouviu o médico infectologista Evaldo Stanislau, que reprovou a receita dizendo que não há nenhuma pesquisa que comprove os benefícios: “É lamentável, com tanta informação já veiculada, inclusive essa fake news já desmentida em rede nacional, que uma pessoa que deveria ter responsabilidade divulgue algo assim”.
Paulo de Jesus, criminalista, também foi ouvido sobre a possibilidade de charlatanismo, mas negou que o pastor tenha cometido esse crime, já que nem a comunidade médica tem um consenso sobre a doença e o vírus, além do fato que o vídeo não promete cura.
“Ele não faz menção ou desencoraja o uso da máscara ou do álcool em gel e não fala que a pessoa deve deixar de usá-lo. Não vejo como um caso que seria levado à área penal […] O fato de anunciar por vídeo que algumas pessoas fazem isso não configura o crime. Ainda mais nessas circunstâncias que você falou, sobre não recomendar o descumprimento das medidas em detrimento do uso da água com limão”, avaliou.
O pastor, em sua defesa, disse que publicou o vídeo com a intenção de compartilhar uma simples dica de gargarejo: “Eu expliquei bem no vídeo, ela não é para curar coronavírus, é para limpar a garganta”, resumiu.