A aproximação da Rede Globo com o público evangélico, reforçada principalmente pela realização do Festival Promessas e do Troféu Promessas, vem sendo tema para diversos debates entre evangélicos por todo o país. Enquanto alguns defendem tais programações como um canal para a divulgação do Evangelho, outros afirmam se tratar apenas de um meio criado pela emissora para lucrar sobre o crescente mercado formado por cristãos.
O pastor da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, Renato Vargens, destacou em seu blog que o fato de a emissora produzir um evento gospel fez com que os evangélicos a transformassem de um instrumento do diabo a uma “agência celestial de amor, bondade e misericórdia”.
– Desde que me converti eu ouço os evangélicos afirmarem que a Globo é do diabo, que os programas disseminados por ela pertencem ao cão, e que alguns dos seus artistas têm pacto com o cramulhão – afirma o pastor, que se diz impressionado com a “rapidez com que os evangélicos transformaram demônios em santos e santos em demônios”.
Vargens fala ainda que a programação evangélica na emissora carioca é apenas mais um capítulo da guerra de audiência, sendo essa um golpe direto na Rede Record, ligada à Igreja Universal. Segundo ele a exploração do conteúdo supostamente cristão na televisão é apenas uma transformação do público evangélico em massa de manobra.
– Em vez de nos alegrarmos pela aparente exposição midiática, deveríamos nos preocupar pelo fato de termos nos tornado simples massa de manobra – alerta o pastor.
Ciro Sanches Zibordi, pastor da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, também critica essa visão da programação evangélica na Rede Globo como um canal de evangelismo. Combatendo os argumentos de que o importante é que o Evangelho seja anunciado independente da forma ou meio, o pastor confrontou a interpretações de versículos, como Filipenses 1.15-18, usados para afirmar que “o Evangelho deve ser pregado inclusive por discórdia, insinceramente ou por pretexto”.
– Por que Paulo disse as aludidas palavras sobre a pregação do Evangelho aos crentes de Filipos, e em que circunstância? Esse apóstolo, que estava preso, referiu-se aos opositores do Evangelho, isto é, os judeus que o acusavam perante os tribunais de Roma – diz Zibordi, que explica ainda que pela conjuntura de perseguição da época “os judeus que acusavam Paulo estavam, indiretamente, pregando o Evangelho”.
– Se todos e quaisquer meios de evangelização pudessem ser empregados, sem nenhum limite, teríamos uma grande contradição! Até um show erótico poderia ser usado para, pretensamente, ganhar almas, desde que Cristo fosse anunciado, não é mesmo? – questiona o pastor.
Por Dan Martins, para o Gospel+