Paula Burlamaqui, que interpreta a personagem evangélica Dolores Neiva na novela Avenida Brasil, veiculada pela TV Globo, afirmou que seu papel não reflete a maioria das cristãs do Rio de Janeiro, que segundo ela são “modernas” e podem usar saia curta, sair, beber e se divertir.
“A direção queria identificar logo um tipo e a leitura rápida de uma crente é essa: roupa comprida, sem decote, com cabelão. É a referência que a gente tem. Acho que só tem aqui no Rio duas igrejas que são desse jeito, o resto é tudo moderno. As evangélicas usam até saia curta. Elas podem sair, beber e se divertir”, afirmou ao jornal Extra.
A atriz se disse preocupada com a repercussão da personagem Dolores, uma ex-atriz pornô – Soninha Catatau – que se converte e muda radicalmente seus costumes e vestimentas.
Ela comentou à publicação que conversou com o diretor João Emanuel Carneiro e sugeriu mudanças que incluíram bordões supostamente usados pelos evangélicos.
“Ele escreveu uma cena em que ela falava “Nossa Senhora”. Os evangélicos não chamam por Ela. É Jesus, Senhor, Pai… Expliquei que não tem. Até porque estou fazendo uma pesquisa, contou a atriz. Ela disse que incluiu os bordões “Abençoado!”, “Segura o varão” e “Está amarrado em nome de Jesus”.
Paula disse que sua pesquisa incluiu a ajuda de sua empregada, que segundo ela é evangélica “ferrenha” e a visita a cultos, que realizou como “laboratório” para elaborar a personagem. De acordo com a atriz, a personagem procurou a religião como uma “tábua de salvação”.
Críticas
Mas a atuação de Paula Burlamaqui e a caracterização da personagem Dolores tem levado a muitas críticas dos próprios evangélicos.
Muitas das cenas vividas pela personagem tem chocado e escandalizado os cristãos. A psicóloga Marisa Lobo disse ao site Gospel Voice que “por meio da sugestão psicológica, mostram uma caracterização fora da realidade, que ridiculariza a fé dos cristãos sem qualquer conhecimento de causa ou preocupação em ofender uma grande parcela da população brasileira”, analisou a psicóloga cristã.
Segundo a profissional, a emissora usa de mensagens subliminares ou ocultas e também expõe claramente as idéias preconceituosas e distorcidas atribuídas a evangélicos. “O crente ou é pobre e brega, ou é rico e ladrão. Preconceito religioso explícito”, explica a psicóloga.
Também o pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança em Niterói acredita que os meios de comunicação frequentemente transmitem uma imagem estereotipada daquilo que de fato sejam os evangélicos.
Ele ressalta que apesar de algumas novelas contribuírem para a discussão e crítica social, “não é de hoje que elas deixaram de ser um simples passatempo, para tornar-se um veículo destrutivo da moral e da decência”. Para o líder religioso, as telenovelas têm ajudado a quebrar paradigmas familiares, além de imprimir na sociedade brasileira valores e modismos antagônicos à Palavra de Deus.