Uma nova pesquisa aponta para uma queda dramática nas crenças bíblicas entre os pentecostais norte-americanos, e suscita entre as lideranças evangélicas do país um questionamento sobre as causas desse distanciamento da Palavra de Deus.
Segundo a pesquisa realizada pelo instituto Barna Group, embora os norte-americanos proclamem “Em Deus Confiamos” nas cédulas de dólar, apenas 51% dos cristãos do país acredita em uma visão bíblica de Deus, índice muito abaixo dos 73% de 30 anos atrás.
Cada vez mais, a pesquisa encontra evidências crescentes de que os evangélicos norte-americanos estão redefinindo – e rejeitando – Deus. “Surpreendentemente, os americanos estão mais confiantes sobre a existência de satanás do que em Deus. No geral, 56% afirmam que satanás é um ser espiritual influente, mas quase metade (49%) não está totalmente confiante de que Deus realmente existe”, alertou o relatório da pesquisa.
Mas por que o alerta soou mais alto para os pentecostais do que para os tradicionais? “Os maiores declínios na posse de uma perspectiva bíblica ortodoxa sobre a natureza de Deus desde 1991 foram entre indivíduos que frequentam igrejas protestantes pentecostais ou carismáticas (queda de 27 pontos percentuais); pessoas de 18 a 29 anos de idade (abaixo de 26 pontos); adultos da geração dos idosos (ou seja, pessoas nascidas antes de 1946, abaixo de 25 pontos); e mulheres (abaixo de 25 pontos)”, destaca,
O pastor e escritor Michael Brown publicou artigo no portal Charisma News admitindo que “alguns desses dados são desconcertantes” já que há um distanciamento da verdade bíblica entre todas as faixas etárias: “Por que ocorreu um declínio quase idêntico entre idosos e jovens? Seria de se esperar isso de 18 a 29 anos, mas não daqueles nascidos antes de 1946. E por que praticamente o mesmo declínio entre as mulheres? O que explica isso?”, questionou.
“Quanto à dramática queda entre pentecostais e carismáticos, isso também é desconcertante, já que em outras pesquisas internacionais, pentecostais e carismáticos lideraram o caminho no estudo diário da Bíblia e na oração. Eles também tendiam a ter padrões mais altos de santidade e a se envolverem mais com a divulgação”, comentou o líder evangélico.
Em sua reflexão a respeito do problema, Brown observa que a seara pentecostal tem cultivado “muitas práticas e doutrinas aberrantes em nosso meio, e fizemos um trabalho muito ruim de autocrítica”.
“Ainda assim, ao longo dos anos, afirmamos fundamentos bíblicos ortodoxos. Por que, então, essa queda séria e íngreme? Quais são as causas por trás disso? […] Se as pesquisas de Barna forem precisas, meu palpite educado seria o seguinte: estamos colhendo o fruto da pregação de um evangelho de auto aperfeiçoamento centrado no eu que não é o Evangelho. Estamos vendo os resultados de nosso fracasso em ensinar fundamentos doutrinários, optando por estudar em experiências espirituais esotéricas e questões secundárias (ou terciárias). Nós colhemos o que plantamos”, criticou o pastor.