Uma pesquisa recente evidenciou um temor dos pastores evangélicos em falar sobre questões sensíveis à sociedade, e boa parte do receio se dá pela pressão que se impõe a quem destoa do “politicamente correto” delineado pela agenda progressista.
Temas como política, aborto e ideologia de gênero ocupam um grande espaço de discussão na sociedade, mas quando se trata de abordá-los no púlpito junto à comunidade de fé, os pastores não se sentem à vontade, por conta da pressão que o discurso progressista impõem de maneira prévia.
O Grupo Barna divulgou sua pesquisa sobre questões ligadas ao ministério pastoral na última terça-feira, 29 de janeiro, e o relatório revelou que metade dos pastores entrevistados sentem-se frequentemente (11%) ou ocasionalmente (39%) limitados para falar sobre questões morais e sociais, porque as pessoas que os ouvem podem se ofender.
Em contraponto, a outra metade dos pastores raramente (30%) ou nunca (20%) sentem-se limitados desta forma pelos membros de suas congregações. Foram entrevistados 1.608 clérigos (entre cristãos, judeus, muçulmanos e outros) e 1.114 pastores protestantes entre 2014 e 2017, com uma margem de erro entre 2,2% e 3,9%.
Dentre os temas que sofrem mais limitação para abordarem no púlpito, os pastores destacaram a homossexualidade (44%), pautas LGBT (22%), aborto (18%), moralidade sexual (14%), política (12%), sexo antes do casamento (7%) e relação entre Igreja e Estado (7%). Durante o estudo, os pastores disseram que se sentem mais limitados pelas pessoas que estão dentro da igreja do que por aqueles que estão fora, apontando que essas pressões (69%) e limitações (64%) vêm dos fiéis.
“A sociedade pluralista de hoje requer um novo tipo de pensamento e abordagem para os cristãos — que já não possuem uma visão de mundo padronizada”, analisou Roxanne Stone, editora-chefe do Grupo Barna. “A pressão para que os líderes religiosos satisfaçam a todos e que evitem ofender é muito real hoje, especialmente na era digital”.
O relatório aponta as redes sociais como um fator que aumenta a pressão sobre os pastores em relação aos temas polêmicos, apontou Roxanne: “A pressão vem de todos os lados: aqueles que exigem que a igreja tome uma posição e aqueles indignados quando isso acontece (ou indignados quando essa postura é diferente do que eles esperavam). Por mais desafiador que seja, os líderes religiosos devem trabalhar para cultivar a humildade, o discernimento e a coragem no meio de uma cultura dividida”, observa Stone.
“Os pastores devem estar comprometidos em educar e equipar seu povo, para respondê-los com amor e convicção, em palavras e ações. Afinal, esta é a essência do discipulado”, resumiu Roxanne Stone.