A Igreja Universal do Reino de Deus, maior denominação neopentecostal do país, tem atravessado uma transformação na sua forma de comunicar, e com isso, se tornado uma instituição megalomaníaca, segundo a visão de pesquisadores sobre religião.
Uma reportagem veiculada no site do jornal O Globo, com o título “A Igreja Universal e o custo da megalomania”, fez um breve retrospecto sobre as características da denominação fundada por Edir Macedo em 1977, e notou que além de mudar o foco da cura e exorcismo para a teologia da prosperidade, a Universal passou a se organizar como empresa, com ambições políticas.
“A Universal ampliou a concepção de igreja e religião, abriu tentáculos para esferas que antes não eram atingidas pelas congregações. As igrejas sempre se organizaram enquanto templo e assistência social. Mas esta igreja que se organiza de forma empresarial, que busca se expandir além das fronteiras, que se insere na política de forma pensada, com estudo de capital político entre os fiéis, isso tudo é próprio da Universal, ainda que haja dissidentes e concorrentes”, disse o antropólogo Ari Pedro Oro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Uma das evidências dos planos políticos da Universal é o Partido Republicano Brasileiro (PRB), criado há apenas nove anos e ocupado majoritariamente por integrantes da denominação. Em 2010, o número de deputados federais eleitos pelo PRB era oito. Agora em 2014, esse número saltou para 21, fora o fato de que o partido concorre no segundo turno da eleição para governador do Rio de Janeiro, com o senador Marcelo Crivella, que é um bispo licenciado da Universal.
A agressividade da Universal em seu plano de expansão é vista em sua estratégia midiática: ocupa horários em quase todas as principais emissoras de TV aberta no país. Ficam de fora do poder de alcance da denominação as TVs Globo e SBT, que por motivos distintos, não alugam espaços em sua grade de programação.
A estratégia de TV [da Igreja Universal] é basicamente dizer ‘vá ao templo’. Não se pede dinheiro na TV, ao contrário de outras igrejas. O objetivo é levar ao templo, e lá, a história é outra. As redes sociais, muito bem usadas, são importantes para atingir novos públicos, como a classe média e os jovens – conta o especialista em Comunicação Religiosa da UFRJ Eduardo Refkalefsky.
Essa presença maciça na mídia e a organização política da denominação já foi apontada pelo pesquisador Johnny Bernardo como partes de um plano de dominação: “O objetivo é claro: A Igreja Universal quer dominar o Brasil […] Para realizar seu intento – de criar uma nação evangélica e ‘governada’ por Deus -, Macedo estabeleceu uma série de estratégias, como eliminação das concorrências, investimento maciço em meios de comunicação, influência da sociedade por meio de campanhas de marketing e defesa de temas polêmicos, a exemplo da legalização do aborto, e a busca do poder pela organização política”.