A frequência com que o canal de humor Porta dos Fundos tem usado a Bíblia para seus esquetes aumentou, assim como o a acidez do que entendem como piada. O mais novo deboche com a fé cristã envolve um beijo gay de Judas em Jesus, no contexto da traição que levou o Filho de Deus à crucificação.
Protagonizado por Gregório Duvivier, ativista ateu e militante de esquerda, o vídeo Beijo traz diálogos pornográficos entre o personagem Judas e um soldado romano, que teria ciúmes do discípulo traidor.
A sugestão de um relacionamento homossexual entre Judas e o soldado não é a única agressão à narrativa apresentada na Bíblia: com a desculpa de fazer humor, o Porta dos Fundos se aproveita para sugerir que Judas seria uma espécie de ovelha negra com atrações sexuais pelos demais discípulos, como o diálogo ao final do vídeo sugere.
Na cena em que Judas beija Jesus, ele se maquia e agarra o nazareno pelo rosto, por cima da mesa em que estava sendo realizada a ceia que antecedeu a traição. Indignado com o beijo na boca, o soldado pede que ele pare com a carícia.
Desrespeito
Nos últimos meses, o uso da fé cristã como matéria-prima para piadas no Porta dos Fundos cresceu. O ateísmo militante de dois de seus fundadores, Gregório Duvivier e Fábio Porchat – que declarou que crer na Bíblia Sagrada é maluquice – se torna agressão com esquetes que se valem das figuras de Deus e Jesus Cristo.
Em junho do ano passado, durante um processo por conta do vídeo “Ele Está no Meio de Nós”, o grupo se recusou a remover o esquete de seu canal. A piada sugere Jesus interessado em pornografia e sexo a três.
Já em dezembro, no “Especial de Natal” veiculado pelos humoristas na Netflix, uma paródia do filme Se Beber, Não Case usando Jesus e seus discípulos como personagens de uma noitada às vésperas da crucificação causou indignação entre cristãos católicos e evangélicos.
Mais recentemente, já em maio deste ano, o grupo lançou um vídeo com deboche das igrejas neopentecostais, com atores encenando possessões demoníacas, e o personagem de Duvivier abusando da ironia para acusar essas denominações de serem caça-níquel. “As igrejas de pobre dão mais valor”, diz o demônio que se apoderou do personagem.