O turbulento mandato do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está no centro de uma nova polêmica, com um novo pedido de impeachment protocolado pelo PSOL, partido que o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus derrotou nas urnas em 2016.
A polêmica da vez é a ação de um grupo de funcionários que vinham atuando nas portas dos hospitais para dialogar com pacientes com queixas. Na denúncia contra o prefeito, o caso vem sendo tratado como “Guardiões do Crivella”, uma espécie de mobilização para impedir reclamações oficiais.
Uma reportagem veiculada pelo RJ2 da TV Globo acusa Crivella de ter contratado pessoas para atrapalharem entrevistas e gravações feitas pela emissora em unidades da rede municipal de saúde.
A emissora também afirma que funcionários públicos vinham sendo pagos para vigiar a entrada dos hospitais, além de constranger e ameaçar jornalistas e também pacientes que fossem às unidades de saúde para registrar queixas.
Conforme publicado pelo portal iG, haveria uma coordenação feita em grupos de WhatsApp, com escalas e horário definidos para atuação na iniciativa à frente dos hospitais e unidades de saúde. Uma espécie de “ponto” informal, feito com selfie no local e enviada ao grupo, também seria exigida. “O prefeito, ele acompanha no grupo os relatórios e tem vezes que ele escreve lá: “Parabéns! Isso aí!'”, declarou uma pessoa que integraria o grupo.
Na denúncia, a emissora da família Marinho narra três ocasiões em que a reportagem teve que ser interrompida pela presença de pessoas atrapalhando as gravações. Numa delas, depois da confusão, o agressor se dirigiu para o interior da unidade de saúde portando um crachá.
Na última segunda-feira, o repórter Paulo Renato Soares entrevistava um paciente na porta do Hospital Salgado Filho, no Méier, mas houve interrupção por parte de um terceiro. A partir disso, a emissora passou a acusar o prefeito de coordenar um grupo para atrapalhar as denúncias contra o cenário da saúde pública no Rio de Janeiro.
Embora não tenha se posicionado oficialmente, Crivella usou sua conta no Instagram para publicar um versículo: “Porque eu sei que meu redentor vive, e que no fim se levantará em meu favor (Jó 19:25). Bom dia”, escreveu.
Entre os aliados de Crivella, a versão é que os funcionários agiam para orientar as pessoas sobre o funcionamento dos hospitais e unidades de saúde, e indicar os locais certos para cada demanda.
O pedido de impeachment contra Crivella será votado pela Câmara Municipal nesta quinta-feira, 03 de setembro. Nessa fase, os vereadores decidem se aceitam ou não a abertura do processo, que pode levar até três meses.