O presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, após afastamento do cargo por decisão do Supremo de Eduardo Cunha, surpreendeu um grupo de deputados do PT, PC do B, PSOL e Rede que foi ao seu gabinete pedir que ele abrisse uma sessão de debates no Plenário nesta tarde. Os parlamentares queriam a sessão para criticar Eduardo Cunha e elogiar sua suspensão do posto.
Maranhão pediu dois minutos para “falar com Deus” antes de definir se abriria ou não o Plenário. Logo em seguida, anunciou que permitiria a reunião de debates. Ivan Valente, líder do PSOL, ironizou a “consulta espiritual” feita por Maranhão. “Deus foi rápido, presidente”.
Deputado é alvo da Lava Jato
Maranhão, deputado e vice-presidente que assume durante afastamento de Cunha, foi citado por Alberto Youssef como um dos deputados do PP beneficiados por propinas de contratos da Petrobras. Eleito vice-presidente da Câmara em fevereiro de 2015, o deputado responde a outros dois inquéritos relatados pelo ministro Marco Aurélio Mello, também por lavagem de dinheiro.
Sobre as denúncias, ele disse: “É do meu interesse o célere esclarecimento dos fatos, desfazendo equívocos e contradições”.
Considerado aliado de Cunha na Casa, votou contra o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, contrariando a orientação nacional do PP, seu partido. Devido à atitude, o deputado foi destituído da presidência do diretório estadual do partido no Maranhão.
Maranhão também foi responsável por uma série de decisões que favoreceram Cunha no processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, o qual pode levar à cassação do peemedebista. Na última, o presidente interino da Câmara limitou a investigação do colegiado à suposta existência de contas bancárias não declaradas no exterior pertencentes a Cunha.
Dessa forma, Waldir Maranhão decidiu que o Conselho de Ética não poderá investigar o presidente da Câmara afastado por suspeitas de recebimento de propina, conforme acusam delatores ouvidos pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Cunha nega todas as acusações: tanto de ter contas secretas quanto de recebimento de propina.