O caso de Anthony Ray Hinton, atualmente com 61 anos, é de causar indignação e revolta, mas ao mesmo tempo inspiração de fé e certeza de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28), por mais incrível que pareça, até para quem passou quase três décadas preso injustamente em uma prisão.
Ray foi condenado a 28 anos de prisão, entrando no corredor da morte dos presídios norte-americanos por ter sido acusado de matar dois funcionários de uma lanchonete localizada no bairro de Birmingham, estado do Alabama (EUA), em 1985. A segregação racial no país ainda era muito forte nessa época, o que pode ter contribuído para um julgamento equivocado do caso.
Os investigadores disseram que encontraram as capsulas das balas que mataram os funcionários e que elas eram compatíveis com uma arma encontrada na casa da mãe de Ray. Todavia, não havia qualquer evidência de que Ray estava na cena do crime, como digitais ou testemunhas do caso. O julgamento se baseou na simples comparação de compatibilidade dos artefatos, sem vínculo direto com o atirador.
A organização Equal Justice Initiative entrou no caso, defendendo Ray por longos 16 anos. Eles conseguiram posteriormente comprovar que as capsulas não eram compatíveis com arma encontrada. Apenas no ano de 2015 a Suprema Corte americana declarou Ray inocente, retirando todas às acusações contra ele.
O que mais chamou atenção da mídia, no entanto, foi a maneira como Ray tratou a questão durante esses anos e também após sair da prisão. Em sua primeira coletiva de imprensa, ele declarou: “Todos que estão segurando as câmeras, eu quero que vocês saibam que existe um Deus […]. Foi um erro judiciário não apenas para mim, mas para as famílias da vítima também”, disse ele, após lembrar que orou pela família das vítimas enquanto estava na prisão.
Ele contou que durante esse tempo escreveu um livro contando sua história. A obra deverá impactar milhares de vidas com seu testemunho de fé e coragem. No livro, intitulado O Sol Brilha: Como Encontrei Vida e Liberdade no Corredor da Morte ele diz: “Eu tenho orado a Deus pelo promotor, pelo juiz e especialmente pelas vítimas”.
Ray agora ensina o quanto o ódio poderia lhe fazer mal e lhe afastar de Deus. No lugar disso, ele preferiu perdoar e fazer da sua condição de injustiça um meio de evangelizar outras pessoas com seu testemunho: “Eu não posso odiar porque minha Bíblia me ensina a não odiar. O que me ajudaria odiar?”, disse ele.
“Jesus foi processado e acusado falsamente por coisas que não fez, mas tudo o que Ele fez foi tentar amar e salvar este mundo. Ele morreu e sofreu. Se eu tiver que morrer por algo que não fiz, que assim seja. Minha vida não está nas mãos do juiz. Minha vida está nas mãos de Deus”, declarou, segundo informações da CBN News.