A médica Raíssa Soares se tornou uma figura conhecida do público através das redes sociais por conta de suas publicações incentivando os colegas de profissão a seguir seu exemplo no tratamento precoce da covid-19, que em sua experiência, salvou vidas.
No dia 24 de agosto, ela foi convidada para um evento no Palácio do Planalto, em homenagem aos médicos que atuaram no estabelecimento desse protocolo de tratamento, e liderou um minuto de silêncio em memória das mais de cem mil vítimas da doença.
Parte da fama de Raíssa Soares junto ao público se deve a um vídeo em que ela apela ao presidente Jair Bolsonaro para conseguir comprimidos de hidroxicloroquina, que ela vinha usando nos pacientes em um coquetel formado por azitromicina e zinco, e que se esgotou nas unidades do estado onde atua, a Bahia.
Agora, com a queda no número de novos casos e mortes, a médica mineira falou sobre como juntou forças para enfrentar os piores momentos da pandemia: “Entrei em um propósito, como sou evangélica, de fazer oração para que Deus me mostrasse uma forma para que as pessoas parassem de adoecer. Acordava de madrugada, colocava o joelho no chão e conversava com Deus, pedindo alguma instrução”, contou.
Na entrevista ao Estado de Minas, Raíssa Soares revelou que o marido, Geraldo Márcio, atuou nos bastidores, auxiliando na ampliação das possibilidades de tratamento na cidade de Porto Seguro, onde vivem: “Ele é doutor em teologia, filósofo e tem, hoje, 12 títulos publicados. Aqui em Porto Seguro o chamam de ‘o avivalista’, chamam de ‘o professor’, ‘o inspirador’, ‘o estrategista’… é uma pessoa do bem, que tem uma mentalidade do amor, em primeiro lugar, e vai influenciando as pessoas ao redor para o que é bom, perfeito e agradável”.
“Antes de o Bolsonaro mandar a medicação para cá, os empresários da rede hoteleira de Porto Seguro se reuniram e perguntaram: ‘Doutora, em que podemos ajudar?’. Eles reuniram entre 10, 12 pessoas e começaram a patrocinar, financeiramente, a manipulação das medicações. Manipularam 1.500 tratamentos. Geraldo, meu marido, ficou totalmente dedicado a isso, se tornou estrategista dessa operação de guerra da COVID-19”, acrescentou a médica.
O apelo ao presidente, segundo Raíssa, foi um gesto de desespero: “Fiz aquilo apenas para a gente conseguir remédio para Porto Seguro e que eu pudesse ajudar cidades vizinhas. Pedi a medicação para a prefeita, mas ela não conseguiu comprar. O secretário estadual [de Saúde] já tinha negado duas vezes ao secretário municipal. Então falei: ‘Se a prefeita não compra e o estado não vai dar, vou pedir [ao Bolsonaro]’”.
O vídeo viralizou e chegou ao presidente, que ligou para a médica para garantir que o medicamento seria fornecido. Como consequência, a médica ficou sabendo da existência de um grupo de médicos chamado “Brasil Vencendo a Covid”, que adotavam a mesma estratégia de tratamento que ela.
“Nos baseamos no Conselho Federal de Medicina, que deixa o médico com autonomia – no princípio da bioética. Então nós, médicos, temos autonomia na prescrição. O tratamento precoce, hoje, já é um consenso da literatura. Foi publicada uma matéria na revista The American Journal of Medicine, defendendo o tratamento precoce da covid-19”, explicou Raíssa.
Ela e os demais integrantes do movimento que defende o tratamento precoce da doença causa pelo novo coronavírus conseguiram, através do evento no Planalto, ampliar a defesa dessa estratégia: “O que nós temos hoje é a linha do tratamento precoce. Esse é um movimento nacional de médicos autônomos que se uniram no Brasil inteiro. Somos mais de 10 mil médicos hoje. É o que nos motivou a estar no Palácio do Planalto no dia 24 de agosto. Ali a gente viu a dimensão da realidade, que é semelhante nos 27 estados. Várias cidades e estados que estão aplicando o tratamento precoce estão tendo redução da gravidade da doença, com menos internações e menos óbitos”, contextualizou.
Por fim, a médica acredita que a vacina feita às pressas é uma temeridade: “A vacina, como algo que está sendo lançado rápido, é totalmente imprudente. Vacina é algo que dá muito efeito colateral. A gente precisa de muita lucidez científica neste momento, para não adoecer a população em massa. A vacina precisa ser muito bem analisada e estudada, com cumprimento de todas as fases de pesquisa, sem nenhuma etapa atropelada”.