Uma proposta de mudança na lei eleitoral, feita por um pastor da Igreja Presbiteriana, quer proibir o uso de títulos eclesiásticos nas campanhas para as eleições. Dessa forma, pastores, bispos, apóstolos e mesmo padres não poderiam concorrer fazendo menção às suas funções nas igrejas.
A proposta foi lançada na última terça-feira, 31 de outubro, como parte de um movimento chamado Reforma Brasil, criado pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo. A escolha da data foi simbólica, pois no dia comemorava-se os 500 anos da Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero.
O Reforma Brasil, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, tem as seguintes propostas: fim do foro privilegiado, limite para as reeleições de deputados e senadores, fim das emendas legislativas, voto distrital, redução da influência do dinheiro nas eleições, aprimoramento dos mecanismos de nomeação para o Judiciário e mudanças legislativas que acabem com a representação desproporcional dos estados menos populosos.
“A crise que vivemos é estrutural, não há uma saída pela direita ou pela esquerda. Precisamos de uma reforma das regras do jogo político”, diz o pastor Valdinei Ferreira, que também é sociólogo e autor da proposta.
Segundo Ferreira, é importante que os sacerdotes deixem de se apresentar como tais nas campanhas eleitorais: “Nós repudiamos essa mistura indevida entre religião e política. O uso eleitoreiro dos títulos religiosos não presta nenhum serviço positivo à democracia”, opina, em entrevista à revista Época.
Resposta
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP), um dos que seriam afetados pela mudança, criticou a ideia e afirmou que Valdinei Ferreira é um “pseudopastor que perdeu a chance de ficar calado, foi deselegante, oportunista e desleal”.
De acordo com o pentecostal, o presbiteriano “prestou um desfavor à comunidade evangélica” com sua iniciativa, e sugeriu que a Igreja Presbiteriana “em grande maioria, é progressista e não apoia, nem se mistura com ninguém”.
O vídeo em que Feliciano critica Ferreira foi publicado em sua página no Facebook. O deputado afirma que o pastor presbiteriano “destilou seu veneno contra políticos evangélicos, mas não apresenta alternativa que pudesse ser de valia para uma mera reflexão”. Assista: