Com forte apelo sexual, o livro “Bíblia versão não autorizada“, dos cartunistas Adam Grzybowski e Luis Goldman, faz uma sátira de várias passagens bíblicas sob a tutela do que os autores acreditam ser motivo de “humor” para alguns, mas que para a absoluta maioria dos cristãos e judeus é, na verdade, um flagrante desrespeito a Palavra de Deus ou, no mínimo, ao que é considerado um símbolo sagrado de fé, independente da crença.
Na forma de quadrinhos, com personagens bíblicos como Abraão, Moisés e o próprio Deus retratados de forma infantil, os autores utilizam o erotismo para dar um “tom” cômico a muitas narrativas, bem como a sugestão implícita de irresponsabilidade e não autenticidade da Bíblia como revelação de Deus, posta em comparação com outros escritos.
O livro “bíblia versão não autorizada” foi lançado em novembro de 2014, mas até hoje gera polêmicas, não apenas por abordar de forma apelativa um material que é motivo de culto para cristãos e judeus de todo mundo, mas por ter o potencial de atingir o imaginário infantil.
Um dos principais meios para o aprendizado da criança, segundo a Psicologia, é o uso de símbolos, jogos e brincadeiras. Os símbolos transmitem ideias, valores e são absorvidos com muita facilidade pelas crianças, devido a fase de grande capacidade imaginativa.
Desenhos, figuras de personagens, etc. como os utilizados nas igrejas para ensinar a classes infantis, são também usados por esses e outros autores para transmitir uma ideia deturpada do que a Bíblia realmente ensina, escondendo nesses enredos, muitas vezes, não apenas a intenção de abordar de forma descontraída a narrativa original do texto, mas de confrontar o ensino que ele transmite, ao substituir a seriedade do “sagrado” pela exploração apelativa do humor.
Essa não é a única publicação dos autores que satiriza a figura de Deus. Em 1992 lançaram “E D’eus criou os judeus e nunca mais descansou / Cá Entre Nós”, também em quadrinhos. Ambos ratificados no Brasil, Grzybowski que é professor de história judaica, já produziu com Goldman mais mais de 250 eventos no segmento artístico, mas nenhum teve maior repercussão do que o livro “bíblia versão não autorizada“.