O fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, está no centro de um processo por atraso de aluguéis de um imóvel usado pela instituição. A falta de pagamento levou a juíza responsável pelo caso chegou a determinar a quebra do sigilo bancário do líder neopentecostal em caso de não quitação dos valores, o que obrigou o pagamento da dívida de R$ 55 mil.
Valdemiro e o presidente em exercício da Igreja Mundial, Mateus Machado de Oliveira, eram réus em um processo que cobrava aluguéis atrasados de um imóvel usado pela instituição em Guararema, cidade no interior paulista.
O proprietário procurou a Justiça para receber os valores atrasados, e seu advogado argumentou com a Justiça que há “clara conexão e responsabilidade direta” ou “evidente tentativa de fraude e blindagem de patrimônio” de Valdemiro Santiago ao tentar se isentar das responsabilidades jurídicas da organização fundada por ele.
“Questiona-se como pode o ‘representante mor’ da organização viver de forma nababesca, acumulando patrimônios, ao mesmo tempo em que ‘sua organização’ apresenta exponencial crescimento em número de igreja simultâneo a um ‘score‘ de baixíssima credibilidade (98% de possibilidade de inadimplência)”, afirmou o advogado Douglas Dias Marcos.
A juíza Monica Di Stasi, da 3ª Vara Cível de São Paulo, determinou então, a quebra de sigilo dos fundadores da igreja no período entre 28 de agosto de 2018 a 26 de janeiro de 2021 – período em que os alugueis não foram quitados – para conferir se Valdemiro e Oliveira deveriam ser responsabilizados pela dívida, conforme informações do jornal Folha de S. Paulo.
Recuo
Diante da medida rígida determinada pela juíza Di Stasi, a Igreja Mundial se movimentou e fez um depósito de R$ 53,650.40 referentes a um processo e mais R$ 1.827,98 de outro, ambos referentes ao mesmo imóvel, incluindo correção monetária. Dessa forma, a instituição tenta evitar que os bancos enviem à Justiça as informações sobre as movimentações financeiras de Valdemiro e Oliveira.
De acordo com informações do portal G1, a Igreja pediu à juíza na última quarta-feira, 03 de março, que o proprietário do imóvel possa sacar o dinheiro e que o processo seja extinto, já que perdeu a causa de existir, que era a cobrança do débito.
Antes da quitação dos mais de R$ 55 mil em atraso, os representantes do autointitulado apóstolo e de Mateus Machado de Oliveira tentavam argumentar que a dívida era exclusivamente da Igreja Mundial e que seus clientes não poderiam ser responsabilizados: “Valdemiro Santiago não faz parte do contrato social da igreja e nem assinou o contrato de locação como fiador”, disseram os advogados Felipe Palhares e Flávio Nery.
Procurados pela imprensa para se manifestarem sobre o processo, os advogados de Valdemiro e Oliveira não responderam aos contatos.
A juíza Monica Di Stasi se manifestou favoravelmente sobre o pedido de cancelamento da quebra de sigilo bancário e extinção do processo: “Diante da notícia do pagamento da dívida nos autos da ação principal, e a perda superveniente do objeto deste incidente, arquivem-se os autos”, determinou, segundo o Uol.