A campanha “Sê Tu Uma Bênção”, lançada em 2020 pelo líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, vinha sendo alvo de uma investigação há quase dois anos, mas o Ministério Público pediu o arquivamento do inquérito.
Os promotores do Ministério Público de São Paulo pediram à Justiça o arquivamento do inquérito que investigava a acusação de que Valdemiro Santiago teria oferecido “feijões mágicos” contra a covid-19 na TV.
Em maio de 2020, uma matéria do portal Congresso em Foco afirmou que o líder da Igreja Mundial estaria oferecendo “feijões mágicos” contra a covid-19. Inicialmente, o Ministério Público indicou que cobraria R$ 300 mil de indenização.
Na esteira dos fatos, até Lula (PT) tirou vantagem da situação, dizendo que “o papel das igrejas é ajudar para orientar as pessoas, não é vender grão de feijão”. Em resposta, Valdemiro lembrou ao ex-presidente que quando ele estava com câncer, o procurou pedindo orações.
Falsa acusação
A perícia criminalística concluiu que o vídeo que gerou a denúncia havia sido editado de forma “fraudulenta”, visto que em nenhum momento do líder neopentecostal ofereceu a semente de feijão como cura para a covid-19.
De acordo com os peritos, a edição feita no vídeo tinha como objetivo distorcer o que Valdemiro Santiago disse de fato ao anunciar a campanha, e que sua citação ao “feijão mágico” foi usada como uma figura de linguagem.
Ao longo do inquérito, dezenas de testemunhas foram ouvidas e todas negaram que Valdemiro tivesse, em qualquer circunstância, oferecido as sementes de feijão como se elas tivessem propriedades terapêuticas.
A semente de feijão era oferecida numa campanha que entregaria um item para cada oferta mínima de R$ 100, como um gesto de fé.
O relatório do Ministério Público não descobriu o autor da edição que distorceu as falas de Valdemiro Santiago: “Em relação ao segundo arquivo, que possui uma conotação jornalística, são apresentadas edições fraudulentas que teriam sido realizadas por terceiros, com o intuito de alterar o sentido da mensagem do arquivo 01 (vídeo original) antes de publicar o vídeo em sítios da internet”.
“Entretanto, este vídeo supostamente editado e publicado em certos sítios da rede, não foi enviado a este relator”, diz o documento assinado pelo promotor Francisco Talaveira Medina, da 3ª Promotoria de São Paulo, de acordo com informações do portal Uol.
“Em nenhum momento, Valdemiro vendeu sementes de feijão como promessa de cura para a doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19) […] Assim, sem elementos suficientes para a persecução penal, o Ministério Público promove o ARQUIVAMENTO (destaque do autor) do presente inquérito policial, com as ressalvas contidas no artigo 18 do Código de Processo Penal”, encerra o documento nº 1526595-11.2020.8.26.0050.
Diante do fim do inquérito, a Igreja Mundial do Poder de Deus informou que está movendo ações judiciais pedindo indenização por calúnia, difamação, danos morais e materiais dos autores da matéria e dos veículos de imprensa que a reproduziram.