Não é de hoje que o cristianismo na Europa vem enfrentando dificuldades, resultando em baixas consideráveis no número de fiéis. Na Alemanha, por exemplo, mais de 50% dos cidadãos já não pertencem mais a uma denominação cristã, quer seja de vertente protestante ou católica.
Se trata de uma marca histórica, pois há séculos o número de alemãs oficialmente filiados a uma igreja cristã é superior a 50%. Para se ter uma ideia, trinta anos atrás, ao menos 70% dos alemães eram membros da Igreja Católica ou da EKD (Igreja Evangélica na Alemanha).
Semelhantemente, há cinquenta anos atrás, mais de 90% dos alemães eram membros de alguma igreja cristã na Alemanha Ocidental. Conforme o GospelMais já havia noticiado em 2018, a tendência de queda no número de fiéis cristãos nas denominações alemãs é uma constante.
Já em 2017, portanto, quase cinco anos atrás, cerca de 400 mil alemãs deixaram as suas igrejas, resultando na estatística agora divulgada pelo Grupo de Pesquisa World Views na Alemanha (Fowid).
Apostasia?
A grande pergunta diante do atual cenário é sobre o que estaria levando a esse declínio de membros oficias nas igrejas cristãs da Alemanha. Há três causas possíveis, sendo a primeira quanto ao contexto demográfico.
Isso porque, a taxa de natalidade alemã é muito baixa, o que significa, na prática, que há muito mais pessoas morrendo do que nascendo, sendo grande parte delas os cristãos nascidos em décadas atrás.
Outro fato diz respeito ao registro oficial de membros das igrejas. Na Alemanha, esse controle estatístico é feito com base nos registros oficiais do Governo, porque ao ingressar oficialmente numa denominação, o membro é obrigado a pagar uma taxa de contribuição descontada diretamente do seu salário.
É uma espécie de imposto que é convertido para a instituição. Com a crise econômica mundial, contudo, muitos alemãs podem ter deixado a filiação oficial para não precisar pagar essa taxa, muito embora ainda possam frequentar as igrejas. Na prática, eles continuam membros, mas não oficialmente aos olhos do governo.
Por último, a terceira possível explicação para o declínio de membros nas igrejas alemãs é o avanço do liberalismo teológico. Neste caso, se trata de um problema que está presente não apenas na Alemanha, mas em toda a Europa.
Pautas identitárias, de gênero e do ativismo LGBT+ têm influenciado igrejas históricas, como a Luterana e Anglicana, criando um verdadeiro racha interno em muitas delas. Nestes casos, sim, é possível falar em apostasia.