As indicações de candidatos com tom de determinação feitas por pastores evangélicos é uma prática recorrente nas igrejas, e a Rede Fale iniciou uma campanha para coibir a ocorrência desses casos.
A proposta de conscientização do público é baseada no slogan “Diga Não Ao Voto de Cajado”, numa referência ao instrumento utilizado pelos pastores de ovelhas para guiar seu rebanho.
Com o objetivo de tornar o eleitor evangélico um pouco mais consciente do peso do voto, a campanha quer combater o uso da fé como ferramenta de manipulação eleitoral: “Nosso foco é trabalhar para combater a estratégia de angariação de votos dos membros da igreja como curral eleitoral”, afirma a secretária-executiva da Rede Fale, Morgana Boostel, 27 anos, que é psicóloga e fiel da Igreja Batista.
A Rede Fale reúne membros de diversas igrejas evangélicas, e na entrevista concedida por Morgana ao jornal Estado de Minas, a psicóloga
afirmou que a entidade é contra o uso do espaço religioso como plataforma eleitoral. Segundo ela, além da prática não ser um exemplo da “melhor tradição cristã de participação política”, também é proibida pela legislação eleitoral vigente, que proíbe pastores, bispos e padres de fazer propaganda eleitoral e fixar ou distribuir material de campanha nos templos.
Um manifesto divulgado pela Rede Fale pondera que um dos equívocos que podem ser facilmente cometidos por cristãos que se lançam na política é achar que, por ser “crente”, tem uma benção divina para exercer um mandato.
“Essa é a concepção que leva milhões de brasileiros a votar no ‘pastor’ ou no ‘irmão’ abençoado pelo pastor. Como consequência, muitos parlamentares são eleitos sem compromisso com a justiça ou a democracia, e sem coerência partidária, programática ou ideológica, e se tornam ‘despachantes de igrejas’ – gente que vota sempre para a expansão do poder de suas igrejas, associações, rádios e empresas”, alertou a Rede Fale.