A maioria das pessoas possui uma noção equivocada sobre a prática do satanismo. Isso, porque, muitas adotaram apenas o que é reproduzido nos filmes de Hollywood, com cenas de sacrifício humano e outras bizarrices rituais.
De fato, apesar de ainda existirem casos reais envolvendo rituais macabros, boa parte do que se denomina satanismo hoje em dia tem a ver com filosofias anticristãs, rituais simbólicos e de invocação espiritual maligna.
O sociólogo italiano Massimo Introvigne, por exemplo, autor do livro “Satanism: A Social History”, explica que há duas grandes divisões atualmente entre os praticantes do satanismo, que são os grupos ocultistas e racionalistas.
Segundo o autor, os satanistas racionalistas estão mais ligados ao trabalho intelectual, acadêmico, objetivando influenciar a sociedade através da produção de conteúdos alinhados com suas ideologias e crenças anti-Deus. Por conta disso, é esse grupo que domina a cobertura da mídia, pois:
“Eles querem criticar a sociedade, que acreditam ser dominada por conservadores ou cristãos, então eles decidem mostrar-se dessa forma ao público”, explica Massimo.
A maneira mais simples de alcançar isso é conquistando espaço nas emissoras de TV, rádio, universidades e meios de produção artística. Filmes como “A Bruxa”, lançado recentemente, e o seriado “Lúcifer”, da Netflix, são alguns exemplos disso. Até em desenhos e bandas de música o tema é abordado, sempre de modo sedutor.
A utilização da comédia, o sarcasmo, informalidade e ironia são elementos comuns nessas produções voltadas para o público em geral, especialmente os jovens, pois desconstroem a imagem macabra da adoração ao demônio que tanto causa repulsa em muitos.
Direitos iguais
Outra forma de influenciar a opinião pública é alegando direitos iguais em relação às demais crenças religiosas. Para isso, um grupo de satanistas da Filadélfia, nos Estados Unidos, organizou uma “missa negra” em público no último dia 12.
O objetivo foi divulgar a prática satânica, torná-la mais visível e assim conseguir direitos delegados apenas às instituições religiosas. A iniciativa parece estar funcionando, pois segundo o Instituto de Pesquisas Pew Research, desde 2014 cerca de 1,5% dos norte-americanos se identificam com práticas aliadas ao ocultismo.
“Temos autonomia”, disse Moira Corvid, uma das líderes do Templo Satânico da Filadélfia. “Eu não pertenço a ninguém. A dinâmica mitológica de Lúcifer, levantando uma espada contra o Deus que queria ser seu dono, fala comigo de uma maneira profundamente existencial”.
Ela explicou que até ateus fazem parte do grupo, pois enxergam o demônio também como algo ideológico e não necessariamente espiritual, segundo informações do Philly Voice.