Em São Paulo e Rio de Janeiro pesquisas eleitorais têm indicado que o número de jovens que se declaram “sem religião” teria ultrapassado os integrantes das igrejas Católica e evangélicas.
Embora o dado não seja oficial e careça de confirmação no Censo 2022, o cenário observado pela empresa de pesquisas Datafolha é que, entre os jovens de 16 a 24 anos, o percentual dos “sem religião” somam 30% em São Paulo e 34% no Rio de Janeiro.
Em São Paulo, a maior cidade do país, os evangélicos entre 16 e 24 anos somam 27% dos entrevistados, e católicos, 24%. Os jovens afiliados a outras religiões são 19%. No Rio de Janeiro são 32% evangélicos, 17% católicos e 17% das demais religiões.
No âmbito nacional, o percentual dessa faixa-etária que não se identifica com nenhuma prática religiosa específica é de 25%. Os dados são coletados durante pesquisas de intenção de voto e têm o propósito de ajudar a delimitar o contexto sócio-econômico dos entrevistados.
Em 2010, quando o último Censo foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os “sem religião” somavam 8% da população, um total de 15,3 milhões de pessoas à época.
De acordo com informações da BBC, nesse público apenas 615 mil (ou 4% dos sem religião) se diziam ateus, e 124 mil (0,8%), agnósticos.
As mesas pesquisas do Datafolha sobre as eleições de 2022 mostram que, em nível nacional, 49% dos entrevistados se dizem católicos, 26% evangélicos e 14% sem religião, um crescimento de 75% em relação aos 8% constatados no Censo 2010.
“A maior parcela dos sem religião tem a ver com uma desinstitucionalização, o que quer dizer que o sujeito está afastado das instituições religiosas, mas ele pode ter uma visão de mundo e até mesmo práticas pessoais informadas por crenças religiosas”, comentou Silvia Fernandes, cientista social e professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
“Então esse sujeito é sem religião porque não está vinculado a uma igreja, porque não frequenta, mas pode ter crenças relacionadas a alguma religião que já teve ou ter uma dimensão mais pluralista da religiosidade”, acrescentou a especialista.