A série O Eleito, da Netflix, vem causando estranhamento enter os cristãos que assinam o serviço da plataforma de streaming por conta da alusão ao anticristo. A produção é inspirada em uma história em quadrinhos do artista escocês Mark Millar.
A controversa série retrata um adolescente que descobre ser a “reencarnação de Jesus” e passa a operar sinais e maravilhas. O protagonista, chamado Jodie, tem 12 anos e vive no México, sofre um acidente e morre devido a um ferimento grave na cabeça, mas em seguida ressuscita, atraindo para si uma multidão de fiéis.
A revista original se chama American Jesus, e a Netflix iniciou sua produção em 2018, mas complicações durante o projeto adiaram sua estreia. Em 2022, dois atores do elenco morreram em um acidente de trânsito enquanto se deslocavam para uma viagem com a equipe da série.
Nos seis episódios de O Eleito, algumas outras referências são feitas à figura de Jesus e do anticristo, como por exemplo o relato da mãe do menino, Sarah, de que teria engravidado como fruto de um experimento, sem uma relação sexual.
Ao longo da história, a ausência da figura paterna se mostra a principal reviravolta de O Eleito, com a revelação de que o menino é filho de Lúcifer.
Toda a representação alusiva à figura do anticristo como descrita na Bíblia tem incomodado a audiência cristã da Netflix, já que a besta de Apocalipse 13 também sofre um ferimento na cabeça, se recupera e passa a atrair adoração para si.
“Uma das cabeças da besta parecia ter sofrido um ferimento mortal, mas o ferimento mortal foi curado. Todo o mundo ficou maravilhado e seguiu a besta. Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: “Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ela?”, diz o texto de Apocalipse 13:3,4 (NVI).
Falso messias
A Netflix vem investindo em paródias com a narrativa bíblica sobre a Segunda Vinda de Jesus Cristo. Em 01 de janeiro de 2020, a empresa apresentou a série Messias, que deixou perplexos muitos cristãos, por conta da mensagem ambígua e obscura.
A narrativa mostrava as reações das pessoas em relação a um homem ambíguo que queria ser percebido como Cristo e afirmava ser enviado por Deus, atraindo seguidores mundiais com pessoas de diferentes origens religiosas, incluindo judeus, cristãos e muçulmanos.
Até a apostasia é apresentada, quando um pastor batista em crise de fé abandona seu ministério para seguir a figura misteriosa. “Após cada episódio, os espectadores ficam com a sensação de que não têm ideia de quem é esse personagem do Messias […] A primeira temporada de Messias termina com a implicação de que Al-Masih pode ser uma fraude, um mágico ou um terrorista radical”, avaliou uma jornalista norte-americana à época.
O desgaste que a série sofreu com críticas de muçulmanos, que acusaram a Netflix de islamofobia, levou ao cancelamento da produção.