Ter acesso à Bíblia Sagrada ainda é uma dificuldade para muitos povos ao redor do mundo, não apenas pela disponibilidade do livro físico, mas também pela tradução correta do seu idioma para a língua local, e isso também vale para a comunidade de cristãos que possuem deficiência auditiva, a surdez.
No continente africano, a surdez ainda possui outro agravante, que é o preconceito social. Em determinadas regiões, a deficiência física é vista como um sinal de maldição espiritual, apesar de lá existir uma das maiores populações de surdos do mundo,. com 1,8 milhão de pessoas.
Visando superar as dificuldades de leitura da Bíblia pela comunidade surda, a Sociedade Bíblica de Surdos (DBS, em inglês) investiu esforços para traduzir a Palavra de Deus conforme o idioma da linguagem de sinais.
Para ajudar no projeto e tornar a Bíblia compreensível para toda a comunidade de surdos, a DBS oferece treinamento aos jovens cristãos que possuem a deficiência auditiva, uma vez que eles podem transmitir melhor tais ensinamentos aos demais.
“Nós os apresentamos [à] Sociedade Bíblica de Surdos e você aprofunda nas Escrituras. Então nós os treinamos e mostramos como eles podem compartilhar as Escrituras”, disse Jessica Oldfather, especialista em engajamento bíblico da DBS.
“Temos discussões e garantimos que eles tenham todas as informações certas de que precisam para causar impacto em suas comunidades”, destacou a missionária, segundo informações da Mission Network News.
“Às vezes, o que faremos é treinar uma pessoa – nossa meta é ter 10 líderes surdos -, mas depois os treinamos e, dessa forma, eles podem, por sua vez, treinar suas comunidades porque têm esse acesso à comunicação”, explica Jessica.
A linguagem de sinais possui elementos diferentes da compreensão linguística tradicional, visto que por causa da surdez, o deficiente auditivo não é capaz de ouvir a fonetização da linguagem escrita. Assim, a tradução da Bíblia para o idioma equivalente, considerando tais diferenças, significa maior compreensão do texto bíblico.
“Às vezes é difícil para as pessoas surdas trabalharem com pessoas que ouvem. É por isso que somos grandes defensores de que os líderes surdos estejam envolvidos no engajamento das Escrituras e investindo em sua comunidade porque conhecem melhor a cultura dos surdos”, destacou Jessica.