Em 2017 foi estabelecido um recorde no número de judeus que subiram ao Monte do Templo, em Jerusalém, com mais de 22 mil pessoas fazendo o trajeto. Em 2018 o recorde já foi batido, faltando pouco mais de um mês para as celebrações do ano novo judaico.
Este crescente interesse pelo lugar mais sagrado do judaísmo é visto com esperança pelos ativistas que planejam erguer o Terceiro Templo de Jerusalém, e um deles acredita que os eventos atuais podem resultar em um livro que seria adicionado à Tanach (a bíblia judaica, formada por 24 livros), como um adendo sobre o cumprimento das profecias nas quais os judeus creem.
Elisha Sanderman, o porta-voz da organização ativista Yera’eh, afirmou ao portal Breaking Israel News que 22.566 subiram até o Monte do Templo até agora este ano, mais do que o número de visitantes do ano passado. Sua organização acompanha essa estatística diariamente, começando e terminando em Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico.
“É difícil estimar quantos vão chegar nos próximos meses. No ano passado, 2.264 judeus visitaram o Monte do Templo no dia 9 de Av, por isso é razoável esperar, embora seja surpreendente imaginar, que o dobro desse número visite o Monte do Templo no dia 9 de Av este ano”, afirmou Sanderman.
O 9º dia do mês hebraico de Av, referido como Tisha B’Av, é um dia de jejum que rememora a destruição dos dois primeiros templos judaicos em Jerusalém. O jejum começa na noite de 21 de julho e termina na noite seguinte.
“Nestes últimos dois meses que antecederam Rosh Hashaná e Yom Kippur, costumamos ver mais judeus a subir quando eles começam a colocar um esforço especial em tshuva (arrependimento)”, acrescentou Sanderman ao especular sobre as razões por trás do poderoso fenômeno.
“A polícia e o governo estão apoiando mais os judeus, mas isso não teria sentido se não fosse por um despertar espiritual entre os judeus. Costumava ser que apenas homens jovens do movimento religioso nacional visitavam o local. Mas agora, vemos todos os tipos de judeus, incluindo Haredi, muitos dos quais o fazem apesar das objeções dos rabinos”, contextualizou.
Recentemente o Parlamento israelense aprovou uma lei que torna Israel um Estado exclusivamente judeu. Ao mesmo tempo, muitos cidadãos do país que não costumam frequentar as sinagogas têm se interessado pelo Monte do Templo.
Sanderman contou que recebeu um telefonema de um israelense secular que perguntou sobre as leis religiosas relativas à ascensão ao Monte do Templo. “Ele disse que não é religioso, mas se ele fosse ao local, queria fazê-lo da maneira correta,” disse o entusiasta da construção do Terceiro Templo.
A organização Yera’eh não conta os cristãos que visitam o local, já que eles não passam pelo posto de segurança. Sanderman observou que tem havido um novo fenômeno de cristãos e não-judeus que se relacionam com o território do Monte do Templo de forma espiritualmente significativa, e relatou como quatro não-judeus do Texas fizeram um juramento no Monte do Templo para defender as Leis de Noé.
“Nós os contamos junto com os judeus em nossas estatísticas”, disse Sanderman. “Foi poderosamente inspirador testemunhar seu juramento. De muitas maneiras, os guardas Waqf (autoridade muçulmana) relacionam-se com eles de forma ainda mais dura do que com os judeus. Sua presença pode não ser tão quantitativamente impactante, mas não é menos significativa na luta para devolver o Monte do Templo ao seu papel de ‘uma Casa de Oração por Todas as Nações'”.
“Estamos testemunhando a história em formação. Conhecemos cerca de 24 livros na Bíblia (Tanach), mas estamos escrevendo o 25º livro agora. Um dia, as pessoas lerão sobre a construção do Terceiro Templo assim como lemos sobre Esdras e Neemias construindo o Segundo Templo e Salomão construindo o Primeiro Templo. Talvez o 25º livro da Bíblia até liste nomes de pessoas que conhecemos, aquelas que têm um papel especial no que está acontecendo hoje no que chamamos de política, mas que na verdade é muito mais do que isso”, concluiu.