As Testemunhas de Jeová teriam omitido e ocultado mais de mil casos de pedofilia entre seus membros na Austrália, por mais de seis décadas. A acusação foi feita pela Comissão Real, um organismo público criado em 2013 para lidar com casos de abusos contra crianças.
A Comissão Real da Austrália descreveu as Testemunhas de Jeová como uma seita insular, com regras pensadas para desestimular as denúncias de abusos sexuais.
“A evidência de que a igreja não informou às autoridades civis nenhum dos 1.006 supostos casos sexuais identificados pelas Testemunhas de Jeová desde 1950, será apresentada à Comissão Real”, afirmou Angus Stewart, o conselheiro superior assistente da Comissão, na última segunda-feira, 27 de julho.
De acordo com Stewart, as investigações apontam para a omissão intencional dos crimes: “Isto sugere que existem práticas na igreja das Testemunhas de Jeová para reter informações sobre os delitos de abuso sexual infantil, impedindo de apresentar alegações sobre os abusos sexuais contra crianças à polícia ou às autoridades competentes”.
De acordo com o Religión Digital, as Testemunhas de Jeová somam cerca de oito milhões de membros em todo o mundo, e são popularmente conhecidos por suas campanhas de conversão feitas de porta em porta. Na Austrália, a denominação reúne cerca 68 mil adeptos.
A Comissão contou com o depoimento de dois membros das Testemunhas de Jeová, identificados pelas iniciais BCB e BCG, que em breve deporão às autoridades, com acusações contra membros mais antigos da igreja, que os induziram a não denunciar os abusos a que foram submetidos.
A igreja, no entanto, se defende afirmando que expulsou 401 membros em processos internos após tomar conhecimento dos abusos, e alega que o regulamento exige que se apresente duas ou mais testemunhas para que se convoque o comitê que trata dos casos.
O levantamento da investigação apontou que dos 401 expulsos, 230 receberam permissão para voltar à comunhão, e que em 125 casos, a falta de testemunhas abortou o processo logo no começo.