CAMPINAS – Parte do acabamento do teto da Igreja Universal do Reino de Deus, localizada na avenida João Jorge, uma das principais vias de entrada de Campinas, desabou na noite desta quarta-feira, 4, no momento que ao menos 200 pessoas acompanhavam um culto. Ninguém ficou ferido. Fiéis tentaram impedir a impressa de entrar no local e mantiveram um fotógrafo do jornal Correio Popular dentro da igreja.
O problema ocorreu 18 dias depois do desabamento do telhado da sede da Igreja Renascer em Cristo em São Paulo, que deixou nove mulheres mortas e mais de cem feridos. Segundo informou o coordenador da regional da Defesa Civil em Campinas, Sidnei Furtado, entre dez e 12 placas de gesso se desprenderam do teto e caíram sobre parte lateral interna do salão, que estava vazia. O salão principal tem capacidade para 4 mil pessoas.
“Havia relativamente pouca gente, perto da capacidade do local”, afirmou Furtado. Ninguém ficou ferido, mas houve gritaria e corre-corre. “Estava do lado de fora da igreja e comecei a ver o povo saindo, desesperado”, afirmou a dona de casa Maria de Fátima Cristóvão, que esperava o ônibus na avenida João Jorge. “Se a gente que estava aqui fora lembrou da história da Renascer (cujo teto desabou no dia 18 de janeiro), imagina quem estava lá dentro”, afirmou.
Quem estava no culto, confirmou o medo, mas não quis se identificar, como um microempresário de 36 anos que acompanhava o culto e disse apenas que o susto “foi geral”. O culto começou às 19 horas. O templo ficou praticamente inacessível após o acidente que ocorreu por volta das 19h35. Houve tumulto no prédio – que tem ainda amplo estacionamento no subsolo, lanchonete e banheiros, além das salas administrativas. Alguns fiéis que permaneceram no local após a chegada dos bombeiros disseram que não podiam falar com a imprensa.
Interdição
Parte da igreja foi interditada ainda na quarta-feira, após uma vistoria feita por duas equipes do Corpo de Bombeiros, por profissionais da Defesa Civil e por um engenheiro da Secretaria Municipal de Urbanismo. De acordo com a Defesa Civil, os responsáveis pela igreja terão de apresentar a documentação completa sobre o prédio na secretaria, responsável pela emissão de alvará de funcionamento, antes da liberação do templo.
O engenheiro municipal visitou o lugar logo após o desabamento. As áreas onde as placas caíram já estavam interditadas pela brigada de incêndio da própria Universal. O especialista do Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru) reforçou a necessidade de isolamento e emitiu um auto de interdição do templo.
A igreja, porém, não ficará totalmente fechada. Estão isoladas apenas as áreas onde houve o descolamento das placas de gesso do teto. De acordo com informações preliminares da Defesa Civil, algumas infiltrações no telhado podem ter provocado a queda. “O engenheiro da prefeitura ainda não sabe exatamente o que causou o desabamento”, ressaltou Sidnei Furtado. Entretanto, um funcionário da Defesa Civil disse que o descolamento das placas pode ter sido causado por falta de manutenção no telhado da Universal. Mesmo sem a conclusão da perícia, o Corpo de Bombeiros considerou como possível agravante para a queda do gesso a forte chuva que caiu na quarta-feira à tarde em Campinas.
Fotógrafo detido
Além de impedir a entrada dos jornalistas no templo, funcionários da Universal mantiveram o fotógrafo Gustavo Magnusson, do jornal Correio Popular (Rede Anhangüera de Comunicação), dentro da igreja para tentar retirar dele o material fotográfico conseguido.
“Enquanto o povo saía, eu entrei fotografando. Alguns obreiros me levaram para um canto e me disseram que eu só sairia se apagasse as fotos. Eu simplesmente disse não, pois ali havia policiais do Corpo de Bombeiros e pessoas da Defesa Civil. Eu não estava sozinho”, disse Gustavo Magnusson.
O profissional foi levado da igreja após jornalistas do Correio Popular entrarem em contato com a Polícia Civil, que acionou o Grupo de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), responsável por retirar o profissional do templo. O fotógrafo registrou Boletim de Ocorrência no 1º Distrito Policial.
O pastor responsável pela unidade informou por meio de funcionários que não se pronunciaria na noite desta quarta-feira e que falará à imprensa por meio de assessoria. A reportagem do Estado ligou para vários números da Igreja Universal do Reino de Deus, mas só conseguiu contato com um líder religioso que estava fazendo o chamado plantão espiritual da Catedral João Dias, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. “Não estamos sabendo de nada”, disse o pastor, que se identificou como Inácio.
Fonte: Estadão / Gospel+