O videoclipe de um cantor iraniano naturalizado dinamarquês causou enorme comoção na comunidade cristã internacional e o repúdio de um dos representantes da Igreja Luterana na Dinamarca.
O cantor Tooji, artista de ascensão recente no cenário pop, gravou um clipe em que ele faz sexo com um “pastor”, representado por um ator contratado. As atenções, no entanto, se voltaram à produção porque o artista usou o altar de um templo luterano em Oslo, capital da Noruega, gerando protestos.
De acordo com o jornal O Dia, o bispo Ole Christian Kvarme, 66 anos, responsável pelo templo da Igreja Luterana usada nas filmagens, criticou a iniciativa do músico, e o acusou de omitir que o local seria cenário para gravações com teor sexual.
“Uma igreja nunca deve ser usada como pano de fundo visual para cenas sexuais em uma produção comercial. Uma cena semelhante entre o homem e uma mulher seria igualmente inaceitável, um abuso. O que aconteceu aqui viola as normas e regulamentos que temos para o uso do espaço religioso”, afirmou o bispo.
A produção do cantor discorda, afirmando que todo o roteiro do clipe havia sido enviado junto com o pedido de autorização. No entanto, a negativa não impediu a repercussão negativa, e Tooji acabou demitido de uma emissora local de televisão, onde ele iria apresentar um programa nos moldes do The Voice, porém voltado a adolescentes.
A Noruega, um dos países com maior número de ateus no mundo, é conhecida pela legislação moderna e de respeito às liberdades individuais, sejam elas de crença, expressão ou pensamento. 70% da população não acredita em Deus.
O cantor recusou fazer um pedido de desculpas e afirmou que o clipe transgressor é sua forma de protestar contra as influências da religião na sociedade: “Quero destacar-me como um exemplo e deixar a minha voz ser ouvida por todas aqueles que não tem voz, para todos aqueles que se sentem envergonhados com as suas crenças, que são afrontados com a declaração de que Deus não os aceita. Deixe-me dizer a vocês: você é uma parte de Deus e o que você sente é o dom mais puro de amor entre duas pessoas. Qualquer adulto, consciente – não importa o sexo, não importa raça – é puro. Eu sou gay e eu me levanto por meus direitos e é por isso que eu fiz o vídeo ‘The Father Project’ (o projeto do pai, em tradução livre)”, finalizou.