Há um ano, o Brasil acordava estupefato com a notícia da queda do avião da Chapecoense, que viajava à Colômbia para disputar a final da Copa Sul-Americana contra o Nacional. Na ocasião, 71 pessoas morreram, entre jogadores, dirigentes, membros da comissão técnica e jornalistas.
Agora, em estágio avançado de recuperação física, o zagueiro Neto, evangélico, um dos poucos sobreviventes da tragédia, garante que vai dedicar o que resta de sua carreira nos gramados para ressaltar que seu testemunho representa uma oportunidade dada por Deus para compartilhar a mensagem do Evangelho.
“Sou um privilegiado. Não sou melhor do que ninguém. Não quero externar o que sinto, mas muitas vezes meu semblante diz o meu sofrimento. Me sinto muito abraçado por Deus e por pessoas que têm me ajudado a reerguer minha vida”, afirmou o jogador, em entrevista ao portal Globo Esporte.
Como só volta a jogar em 2018, o zagueiro tem aproveitado o tempo livre após as sessões de fisioterapia e recondicionamento físico para visitar igrejas em todo o país e também para prestar auxílio às viúvas dos companheiros de clube que morreram no acidente.
“Como vou nas igrejas, recebo muitas mensagens de que meu testemunho mudou o pensamento em relação a vida. Quando você ajuda o próximo, automaticamente está se ajudando. O que eu sempre procuro falar: ‘Tenha bom ânimo, vai dar certo, uma hora as coisas vão virar’. Acho que é a missão que tenho: jogador futebol e falar da missão de Deus”, disse.
Sirli Freitas, viúva do assessor de imprensa Cleberson Silva, afirma que a postura do zagueiro tem ajudado a reencontrar o caminho para levar a vida adiante: “O Neto é uma pessoa incrível. Acho que é a pessoa mais humana que já conheci. Tem uma preocupação que acho que ninguém tem. Não é de agradar, mas não de interferir tanto no outro, na dor… Me sinto mais forte convivendo com ele”, comentou.
“Nas vezes que falei, o Neto passou muita tranquilidade. Dizia que o Bruno não sofreu, que ficou tranquilo. Ele passa paz, conforto. É como se visse um pedacinho do Bruno. Vai ter que aturar a gente, agora é família também. Pegamos amor de família (risos)”, conta Girlene, viúva de Bruno Rangel.