O pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) participou recentemente de uma edição do programa Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo, e afirmou que “um Jesus negro faz mais sentido” em termos históricos.
A presença do conceito “politicamente correto” no meio evangélico vem se tornando um fenômeno palatável à grande mídia, que abre espaço para que os adeptos dessa linha de pensamento se pronunciem como se fossem vanguardistas e líderes de um movimento que pretende “modernizar” o conservadorismo.
Nesse contexto, a Globo abriu as portas para o debate enviesado, tomando os conceitos “politicamente correto” e “progressista” como uma verdade que necessita apenas de um debate sobre sua forma. O contraditório, há tempos, é ignorado no programa matutino.
Henrique Vieira é pastor na Igreja Batista do Caminho, em Niterói (RJ), onde já foi vereador. Atualmente, ele atua como colaborador da Mídia Ninja e é assessor parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), candidato derrotado à prefeitura do Rio de Janeiro em 2016.
O centro do debate foi o encontro entre lideranças evangélicas e candomblecistas em um terreiro que foi destruído por um incêndio, alegadamente criminoso, com a presença do cantor Kleber Lucas, por ocasião da doação de R$ 11 mil para a reconstrução do templo. Esse episódio foi alvo de intensas discussões entre fiéis cristãos nas redes sociais.
No debate, o pastor Henrique Vieira afirmou que evangélicos e adeptos de religiões afro-brasileiras são “irmãos”, e precisam se unir contra o racismo, que “também influenciou as próprias imagens cristãs”.
“Tem crianças negras que não podem representar Jesus em uma peça de teatro, por que a ideia hegemônica é que Jesus é branco e a ideia de um Jesus negro, que faz mais sentido historicamente, incomoda, causa um certo estranhamento”, declarou Henrique Vieira.
As representações artísticas de Jesus Cristo como um homem de aparência caucasiana, embora comuns, não são adotadas como uma ilustração fidedigna ou inconteste. Jesus, judeu nascido em Nazaré, era um homem com os traços comuns aos homens daquela região. Nem branco, nem negro, portanto.
Militância
Mas, para Henrique Vieira, a adoção da figura de Jesus como um símbolo de luta política em um país de povo miscigenado é algo coerente. Em outra ocasião, gravou um vídeo dizendo que um “Jesus branco” era uma forma de “justificar a inferioridade dos escravos africanos e dos indígenas, porque um Jesus negro… que se junta aos oprimidos, seria uma ameaça ao poder”.
“Historicamente, teologicamente, Jesus é negro, e afirmar que Jesus é negro quer dizer que Jesus assume esse lugar, essa luta, essa resistência dos oprimidos, contra os privilégios e as injustiças”, defende o pastor. Assista: