O mandato do presidente Donald Trump nos Estados Unidos tem sido marcado por uma aproximação aos pastores evangélicos do país, incluindo lideranças religiosas das igrejas negras. Mas uma situação de crise fez o mandatário da Casa Branca partir para o ataque contra um pastor ativista político de esquerda.
Trump usou o Twitter para disparar críticas contra o pastor Al Sharpton, em resposta a comentários feitos pelo líder religioso sobre a crise que a cidade de Baltimore, Maryland, vem enfrentando.
Al é um golpista, um agitador”, disse Trump no Twitter, após um tuíte do religioso, anunciando sua intenção de viajar para Baltimore. “Ele odeia brancos e policiais!”, acrescentou o presidente na última segunda-feira, 29 de julho.
Baltimore tem vivido tensões de cunho racial, com conflitos entre policiais e ativistas, que acusam as forças de segurança de discriminar negros. Recentemente, civis e policiais foram feridos e mortos em confrontos. A cidade tem um porto, mais de 600 mil habitantes, alguns bairros ricos e uma das mais altas taxas de homicídio nos EUA.
O presidente tem feito críticas aos políticos da cidade filiados ao Partido Democrata por conta da situação na cidade, dizendo que o município está “infestado de ratos”. No domingo, o pastor Sharpton afirmou que viajaria para Baltimore, para acompanhar a situação de tensão na cidade.
“Baltimore, sob a liderança de Elijah Cummings, tem as piores estatísticas criminais do país. 25 anos de conversa, nenhuma ação!”, tuitou Trump. “Agora, o reverendo Al vai se apresentar para reclamar e protestar. Não fará nada para as pessoas necessitadas. Triste!”, acrescentou o presidente.
O pastor Sharpton respondeu os comentário de Trump acusando o presidente de “apelar para a divisão racial” no país: “Tem um veneno particular em relação aos negros e às pessoas de cor”, declarou o religioso numa entrevista à imprensa.
“Ataca todo o mundo. Conheço Donald Trump. Não é maduro o suficiente para receber críticas. Não pode evitar isso, é como uma criança: alguém diz algo e reage […] Trump diz que eu sou um agitador e um golpista. Sim, me agito contra os fanáticos. Se realmente pensasse que sou um golpista, ele iria me querer em seu gabinete”, ironizou.
Na última segunda-feira, Trump voltou ao assunto, dizendo que “se os democratas defenderem o ‘Esquadrão’ da esquerda radical e o rei falido de Baltimore, Elijah, será um longo caminho até 2020”.
De acordo com informações da Agência France Presse, as publicações de Donald Trump são vistos por analistas políticos como uma jogada calculada, embora arriscada, direcionada aos brancos da classe trabalhadora que contribuíram para levá-lo à Casa Branca em 2016, bem como outros eleitores brancos que ainda não decidiram quem apoiar nas eleições do próximo ano.