A guerra de bastidores na Organização das Nações Unidas (ONU) contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel da parte dos Estados Unidos levou o presidente Donald Trump a dar um recado claro: quem se opor a Israel na entidade, terá as verbas de ajuda enviadas por seu país cortadas.
Os 193 países membros da ONU se reunirão, nesta quinta-feira, 21 de dezembro, para discutir sobre Jerusalém, a pedido dos países árabes, que convocaram o encontro com caráter de emergência.
Em resposta, Trump não demonstrou intenção de recuar: “Todas estas nações tomam de nós centenas de milhões de dólares e até bilhões de dólares, e depois votam contra nós. Bem, estaremos observando estes votos. Deixem eles votarem contra nós, vamos economizar bilhões”, afirmou Trump, na Casa Branca.
Assim, o Brasil – que desde o início da década passada vem adotando uma postura de oposição a Israel por conta das orientações de política externa dos dois últimos presidentes (Lula e Dilma Rousseff) – poderia ser prejudicado em negociações comerciais ou parcerias estratégicas que contem com os Estados Unidos.
De acordo com informações divulgadas na imprensa internacional, uma tentativa de impor um recuo aos Estados Unidos no reconhecimento de Jerusalém como capital israelense aconteceu na última segunda-feira, 18 de dezembro, quando os 14 membros do Conselho de Segurança da ONU votaram uma resolução nesse sentido. No entanto, como os EUA possuem assento cativo no colegiado e poder de veto, a iniciativa foi derrubada.
“Nenhum país irá dizer aos Estados Unidos onde devemos colocar a nossa embaixada”, esbravejou a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikky Haley. Dessa forma, as declarações de Trump na última quarta foram uma forma de reiterar a postura adotada pelo país.
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O presidente foi além e afirmou, em carta enviada a dezenas de estados-membros, incluindo europeus, que seus votos seriam observados atentamente pelos Estados Unidos, enviando um recado claro a respeito de medidas de retaliação que poderiam ser tomadas caso se intrometessem na relação com Israel.
Analistas de política internacional afirmam que a iniciativa de Donald Trump é parte de uma disputa de força na ONU contra países árabes, que vêm sendo liderados pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, que se reuniu com os aliados da Organização para Cooperação Islâmica e declarou Jerusalém como capital da Palestina.