Os Estados Unidos anunciaram na última quinta-feira, 12 de outubro, que deixarão a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), citando considerações financeiras, a necessidade de reforma, e o “constante viés anti-Israel” da organização. Essa é uma resposta do presidente Donald Trump à islamização da entidade.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse que a decisão “não foi tomada de forma leve e reflete as preocupações dos EUA com o aumento das dívidas na UNESCO, a necessidade de reformas fundamentais dentro da organização e o viés anti-Israel” que impera na entidade.
Nos últimos meses, a UNESCO votou e aprovou – com apoio do Brasil – diversas resoluções que negam o vínculo do Estado de Israel com a cidade de Jerusalém e o Monte do Templo, ignorando a ligação milenar registrada pela Bíblia Sagrada e por outras fontes históricas, incluindo a arqueologia, dos judeus com aquela região.
Nauert disse que Washington estabeleceria uma “missão de observação” para substituir sua representação na agência parisiense, e que a saída entrará em vigor no dia 31 de dezembro de 2018.
A chefe da UNESCO, Irina Bokova, expressou “profundo pesar” pela decisão tomada, que ela considerou como “perda para o multilateralismo”. “Desejo expressar um profundo pesar com a decisão dos Estados Unidos da América de retirar-se da UNESCO”, afirmou em um comunicado, de acordo com informações do Times of Israel.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse que a UNESCO tornou-se um fórum para aplicar golpes contra Israel e se esqueceu do seu propósito original, e por isso, estava “pagando o preço” pelas decisões “vergonhosas” que adotou contra Israel. Danon citou que “uma nova era” se aproxima da ONU, na qual a “discriminação anti-Israel” terá consequências.
De acordo com uma reportagem da revista Foreign Policy na quarta-feira, 11 de outubro, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, tomou a decisão de se retirar várias semanas atrás na Assembléia Geral da ONU, mas o Departamento de Estado pediu a Washington que permaneça na organização até que um novo diretor-geral seja eleito nas próximas semanas.
Washington também tentou mitigar o aumento das dívidas não remuneradas que deve à organização, uma vez que suspendeu seu financiamento depois que a UNESCO concedeu adesão total à Palestina em 2011.
Muitos viram a votação para incluir a Palestina como evidência de um viés anti-israelense enraizado e duradouro dentro das Nações Unidas, onde Israel e seus aliados são superados em número por países árabes e seus apoiadores, dentre os quais está o Brasil, que adotou uma postura de oposição a Israel durante os governos Lula e Dilma (PT) e ainda não mudou com o presidente Michel Temer (PMDB), de ascedência libanesa.
A administração do presidente Donald Trump preparou-se para uma provável saída por meses, de acordo com funcionários dos EUA. Vários diplomatas que deveriam ter sido empossados na missão no final do último semestre foram informados de que seus cargos estavam em suspenso e aconselhados a buscar outros empregos.
Além disso, o orçamento proposto pela administração Trump para o próximo ano fiscal não contém nenhuma disposição de verbas para a UNESCO. Essa não é a primeira vez que a entidade sofre retaliação dos EUA. Nos anos 1980, o país abandonou a entidade porque considerou-a mal administrada e usada com fins políticos. Somente em 2003 a decisão foi revista.