A polêmica no Oriente Médio após o reconhecimento dos Estados Unidos a respeito de Jerusalém como capital de Israel deve aumentar nos próximos dias, com a visita do vice-presidente do país, Mike Pence, e também por conta de declarações de funcionários do alto escalão na Casa Branca a respeito do Muro das Lamentações.
A imprensa internacional noticiou na última sexta-feira, 15 de dezembro, que Trump deverá admitir que o Muro das Lamentações é parte do território de Israel. Atualmente, a área do Monte do Templo é controlada por uma unidade militar da Jordânia, de forma a garantir o acesso de judeus, muçulmanos e cristãos ao local.
No entanto, há uma limitação para o acesso de muçulmanos ao Muro das Lamentações, assim como a proibição aos judeus de fazerem orações nas outras áreas do Monte do Templo, em especial nos locais onde estão as mesquitas Al-Aqsa e Domo da Rocha.
Agora, de acordo com informações do portal Ynet News, altos funcionários do governo dizem que os Estados Unidos “não conseguem imaginar nenhuma situação onde o Muro das Lamentações não seja parte de Israel”.
Polêmica
O tema é delicado por conta de questões associadas às negociações de paz. O Muro das Lamentações fica fora da área demarcada como território israelense em 1948, época em que o Estado de Israel foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Embora historicamente a presença judaica em toda Jerusalém seja documentada através dos milênios, após a criação do Estado de Israel, em tese, a porção oriental da cidade teria sido deixada para os palestinos. No entanto, em 1967, durante a “Guerra dos Seis Dias”, Israel tomou o controle da área.
Desde então, os países árabes articulam, na ONU, formas de retomar o controle das áreas ocupadas há 50 anos pelos israelenses. Por isso, a declaração, sob condição de anonimato, de que Trump irá reconhecer que o Muro das Lamentações é parte do território de Israel, causou rebuliço.
“Não podemos imaginar Israel assinando nenhum acordo de paz que não inclua o Muro das Lamentações, nem uma situação na qual o Muro não seja parte de Israel”, disse um alto funcionário da Casa Branca, acrescentando que “as fronteiras específicas da soberania de Israel serão parte do acordo final” que Trump pretende costurar com os envolvidos.
Do lado palestino, a declaração extra-oficial foi recebida de forma negativa. Nabil Abu Rdeneh, assessor do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, expressou contrariedade e indignação com essa diretriz em uma entrevista à agência Associated Press (AP).
“Não aceitamos mudanças nas fronteiras de Jerusalém Oriental, que foi ocupada em 1967. Esta declaração prova mais uma vez que o governo americano está fora do processo de paz. A continuação desta política americana, seja o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, ou a mudança da embaixada americana, ou quaisquer declarações onde os Estados Unidos decidem unilateralmente sobre o status final, são uma violação do direito internacional. Para nós, isso é inaceitável. Nós rejeitamos totalmente e iremos denunciar isso”, afirmou Rdeneh.