O ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), recebeu um grupo de líderes evangélicos na última quinta-feira, 10 de novembro, no Palácio do Itamaraty. Na reunião, ele ouviu que é importante que o Brasil reveja sua postura em relação a questões que envolvem Israel, como a famigerada resolução da UNESCO sobre a relação dos judeus com o Monte do Templo, em Jerusalém.
O imbróglio é delicado de ser resolvido no âmbito diplomático, pois o governo petista já havia se comprometido a votar a favor da resolução, e ao longo deste ano, enquanto as discussões foram avançando, a postura do governo de Michel Temer (PMDB) foi mudando em relação ao assunto, mas ainda não é favorável a Israel.
No último mês de outubro, quando a votação mais recente foi realizada, o Brasil contestou pontos da resolução da UNESCO, e contribuiu – juntamente a outros países – para uma mudança significativa no texto, que passou a reconhecer a relação judaica com os lugares sagrados da “Cidada Santa”, e votou a favor. As autoridades de Israel consideram essa resolução, mesmo com mudanças, uma excrecência que ignora a história da região através de milênios.
O pastor e deputado federal Roberto de Lucena (PV-SP) intermediou os contatos com o ministro e conseguiu agendar a reunião. Na ocasião, ele destacou que o assunto preocupa a maioria dos evangélicos brasileiros e disse a Serra que o objetivo daquele encontro era expressar esse sentimento em relação à postura adotada pelo país na votação.
“Viemos aqui para afirmar que 1/4 da população brasileira é composta de cristãos evangélicos e que essa parcela significativa da população deseja ser ouvida neste tema tão sensível e importante para nós. Apoiamos este novo posicionamento do Brasil, reconhecemos o esforço que vem sendo feito, mas pedimos ainda mais empenho no sentido de que o texto continue evoluindo para o adequado e justo”, explicou Lucena.
De acordo com informações da assessoria de imprensa do pastor e deputado, outras 20 resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) – entidade que comanda a UNESCO – prejudicam Israel. “Como evangélico, cristão e deputado, não posso compactuar nem apoiar qualquer governo que aprove textos parciais e desequilibrados, claramente prejudiciais a Israel”, destacou, pedindo ao ministro que o Brasil reveja sua posição também nessas questões.
Serra se comprometeu a estudar o caso e disse que irá se empenhar para encontrar uma saída, de forma que na próxima reunião da UNESCO, uma proposta melhor seja apresentada para a questão.
“Vamos nos mobilizar novamente acerca deste tema na próxima sessão deliberativa ano que vem”, disse, garantindo que o Brasil votará contra essa resolução que trata dos pontos sagrados de Jerusalém caso não existam avanços significativos no texto.
A 201ª Sessão Deliberativa do Comitê Executivo da Unesco está prevista para ocorrer em abril de 2017, e as lideranças evangélicas brasileiras continuarão acompanhando o caso.