Um médico conselheiro da Organização Mundial da Saúde afirmou que há indícios de que o surto sem precedentes da varíola dos macacos tenha se originado em festas rave focadas no público LGBT.
“Um evento aleatório”, disse o Dr. David Heymann, que já foi chefe do departamento de emergências da OMS, sobre o surto que parece ter sido causado por atividade sexual em duas raves recentes na Europa.
Heymann afirmou que a principal teoria para explicar a propagação da doença era a transmissão sexual em raves realizadas na Espanha e na Bélgica. O rastreamento dos casos confirmados indicam essas origens, apesar de a varíola dos macacos nunca tenha desencadeado um surto fora da África, onde é endêmica em animais.
“Sabemos que a varíola pode se espalhar quando há contato próximo com as lesões de alguém infectado, e parece que o contato sexual agora amplificou essa transmissão”, reiterou Heymann.
Alerta
Na entrevista do especialista à agência de notícias Associated Press, o surto atual marca uma mudança significativa do padrão típico de propagação da doença na África central e ocidental, onde as pessoas são infectadas principalmente por animais como roedores selvagens e primatas, e os surtos não se expandem para fora do continente.
“É muito possível que alguém tenha se infectado, desenvolvido lesões nos genitais, nas mãos ou em outro lugar, e depois tenha espalhado para outras pessoas quando houve contato sexual ou físico próximo. E então houve esses eventos internacionais que semearam o surto em todo o mundo, nos EUA e em outros países europeus”, delineou Heymann.
Ele enfatizou que é improvável que a doença desencadeie uma transmissão generalizada: “Isso não é COVID. Precisamos desacelerá-lo, mas ele não se espalha no ar e temos vacinas para protegê-lo”.
Autoridades de saúde dizem que a maioria dos casos conhecidos na Europa ocorreu entre homens que fazem sexo com homens, mas qualquer pessoa pode ser infectada por contato próximo com uma pessoa doente, suas roupas ou lençóis.
Os pesquisadores também entendem que será difícil determinar se a propagação está sendo impulsionada pelo sexo ou apenas pelo contato próximo: “Por natureza, a atividade sexual envolve contato íntimo, o que se espera aumentar a probabilidade de transmissão, independentemente da orientação sexual de uma pessoa e independentemente do modo de transmissão”, ponderou Mike Skinner, virologista do Imperial College de Londres.
“A probabilidade de propagação do vírus por meio de contato próximo, por exemplo, durante atividades sexuais entre pessoas com múltiplos parceiros sexuais, é considerada alta”, afirmou a diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, Andrea Ammon, na última segunda-feira, 23 de maio.
Dezenas de casos têm sido registrados pela OMS em países como Canadá, Espanha, Israel, França, Suíça, EUA e Austrália. No Brasil, a ANVISA está monitorando a situação e não determinou nenhuma medida adicional, já que nenhum caso foi registrado ainda.
“Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a varíola dos macaco pode ser transmitida aos seres humanos através do contato próximo com uma pessoa ou animal infectado, ou com material contaminado com o vírus”, reiterou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.