O cenário político indica que o presidente Jair Bolsonaro não convidará o general Hamilton Mourão (PRTB) para compor sua chapa como vice na candidatura à reeleição, e o grupo de apoiadores do governo ligado aos evangélicos estaria cogitando sugerir um nome do segmento para a vaga.
O principal articulador dessa tentativa seria o Republicanos, partido ligado à Igreja Universal e integrante do chamado Centrão, grupo de parlamentares no Congresso Nacional, de diversas legendas, que forma a base de apoio ao governo.
Integrantes do Republicanos, que abriga os pastores Marco Feliciano (SP), Silas Câmara (AM) e João Campos (GO), dentre outros, estariam sentindo certo desprestígio após a filiação do presidente ao PL, já que Bolsonaro estaria criando meios para que ministros e outros parlamentares também se filiem ao PL.
De acordo com a Agência Estado, há também rumores de que o presidente teria se comprometido a escolher um vice do Progressistas, legenda que abriga o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL).
A jornalista Vera Rosa noticiou que “integrantes do Republicanos dizem que, para não ser derrotado na disputa de 2022, Bolsonaro precisa agora selar um novo pacto, mas com a cúpula das igrejas e dos templos”.
Na última quarta-feira, 08 de dezembro, Bolsonaro concedeu entrevista ao jornal Gazeta do Povo e afirmou que estuda convidar um político de Minas Gerais ou do Nordeste para compor sua chapa como vice.
O cenário atual mostra uma investida franca do ex-presidente Lula (PT) na tentativa de se reaproximar dos evangélicos. Como não encontrou acolhimento entre as lideranças, o petista vem tentando atrair os fiéis de maneira direta, através de declarações feitas em entrevistas ou lives.
Enquanto isso, aliados tentam minimizar as insatisfações: “O Republicanos foi o primeiro partido a ter ministério no governo Bolsonaro. É natural, agora, que o vice seja de um partido com tempo de TV e estrutura, como o PP [Progresistas]”, comentou o pastor e deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ).
O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), tem as credenciais consideradas ideais: é evangélico, o que atenderia aos desejos dos líderes das igrejas, é nordestino e está em negociação para migrar para o Progressistas.
Bolsonaro, porém, declarou que a escolha do vice “ainda vai demorar”, e conta com o tempo para que todos seus aliados se sintam atendidos.