Flordelis teria recebido uma profecia sobre a morte do marido meses antes do assassinato cometido em sua própria casa. Um vídeo, que circula de maneira intensa nas redes sociais, mostra a própria pastora relatando o encontro com a mulher a quem se referiu como “profetiza do cão”.
“Mulheres de Deus que estão aqui, prestem atenção: ainda ontem, uma profetiza do cão – que profetiza… uma mulher aí sem dono, sem eira nem beira – me parou ali atrás para dizer ‘Ei, o pastor profetizou que isso aqui vai ser um estado de fogo, um país de fogo’. Eu disse ‘foi’. ‘Vai nada. Não vai passar dessa cidadezinha de fogo. Você tem um calcanhar de Aquiles, um ponto fraco’. Eu fiquei parada olhando para a infeliz”, introduz Flordelis.
O contexto da “profecia” seria o alcance do Ministério Flordelis, que tem como sede do templo chamado “Cidade do Fogo”, em São Gonçalo (RJ)
Em seguida, a pastora pentecostal continua seu relato da suposta profecia: “Ela disse: ‘É só tocar no seu casamento, destruir seu casamento e isso tudo aqui acaba’. Tá amarrado, satanás. Meu casamento é de Deus, o meu marido foi Deus quem me deu”, conclui a pastora e deputada federal.
Veja o vídeo sobre a “profecia”:
Problemas
Em entrevista à revista Veja, Flordelis admitiu que o filho adotivo Lucas, que foi preso por envolvimento com o tráfico de drogas logo após o sepultamento do pastor Anderson do Carmo, e admitiu ter providenciado a arma que foi usada no crime, teve problemas com o pai.
“Eles tinham problemas por causa dos erros do Lucas”, disse Flordelis às repórteres Mônica Weinberg e Jana Sampaio, quando elas perguntaram qual seria a razão para o filho querer matar o pai.
“Aos 14 anos, meu filho roubou uns relógios que o irmão colecionava, pôs para vender e nós descobrimos. Como a situação era grave, meu marido bateu nele como corretivo. Hoje está no tráfico”, acrescentou Flordelis, em tom de lamento.
A pastora ainda estranhou a presença de Lucas na casa no dia do assassinato do marido, já que ele não vivia mais com a família: “Ele não morava com a gente desde o ano passado. Aí aparece nas câmeras da rua com duas mochilas, por volta das três da manhã. Entra e sai de casa em minutos, de mãos vazias. O Lucas não tinha o hábito de aparecer sem avisar”, relatou.
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, Flordelis teria confirmado que a polícia já localizou as mochilas que Lucas carregava na madrugada do crime, mas não quis revelar o conteúdo.
Flordelis também reiterou seu ceticismo sobre a participação de seu filho biológico, Flávio dos Santos Rodrigues, fruto de um relacionamento anterior, no crime. “A história não bate. Ele foi um dos primeiros a chegar ao meu quarto depois dos tiros. Saiu atrás da polícia, mas não encontrou a patrulhinha. Já preso, me deixaram falar com ele rapidamente no telefone. Chorava, chorava, e só disse: ‘Quero que as pessoas te deixem em paz, mãe’”.
Na entrevista, Flordelis também rebateu rumores que a motivação do crime seria um comportamento inadequado do marido com duas filhas: “Chegou a mim extraoficialmente outra tese levantada pela Polícia, a de que Anderson mexeu com duas de nossas filhas, molestou as meninas. Pensei por um instante: ‘Será que fui casada com um homem que não conhecia?’ Mas, mesmo que ele fosse um monstro, mereceria a prisão, e nunca a morte. Depois conversei com as minhas filhas, que negaram com muita firmeza terem sido abusadas”, contou.
“Para os que acham que eu matei meu marido, peço que me deem um motivo para fazer isso. Eu não ganhei nada com a morte dele, só perdi”, afirmou, defendendo-se das acusações que a inserem como uma das suspeitas.
A entrevista à Veja na última sexta-feira, 28 de junho, gerou uma manifestação da assessoria de imprensa da deputada, que questionou trechos da transcrição da conversa.
Confira a nota:
A entrevista da deputada federal Flordelis à revista Veja está gravada. Nós temos a gravação na íntegra. O resumo publicado pela revista não é fiel ao que foi dito por ela em alguns trechos, principalmente, no que se refere ao filho Lucas. Erro, talvez, pela necessidade de resumir, o que levou a revista a transmitir uma ideia equivocada do que foi dito na oportunidade.
A entrevista durou uma hora e 50 minutos. Todas as perguntas feitas pela revista foram respondidas pela deputada, com os cuidados necessários para não tumultuar as investigações. Em nenhum momento ela levantou desconfiança sobre o filho em relação ao assassinato do pai.
Ao responder à repórter sobre o Lucas, a deputada discorreu sobre a vida dele – uma explanação longa – falou sobre os problemas que ele teve na relação com o pai, como é comum nas relações entre pais e filhos, principalmente, quando o filho tem problemas com as drogas.
Não fez nenhum vínculo disso com o crime, nem por suspeição. E demonstrou o sentimento dela de mãe com relação ao filho, quando convidava-o para o almoço, com receio de ele não estar se alimentando. Sobre a saída dele de casa, a deputada deixou claro que a decisão foi dele, Lucas, exclusivamente. Uma filha que participou da entrevista, confirmou. Está gravado.
A dificuldade do pastor Anderson, em aceitar a presença do Lucas em casa, a deputada deixou claro que ela também tinha dificuldade, porque, como responsáveis, por todos os filhos, não aceitavam a droga como companheira deles.
Nas redes sociais, Flordelis afirmou que não irá mais se pronunciar sobre o assunto: “Decidi não falar mais com a imprensa sobre o assassinato do meu marido, pastor Anderson do Carmo. Em atenção à imprensa, concedi uma coletiva, falei com a revista VEJA, com o Fantástico e com Câmera Record. Agora é hora de deixar a polícia trabalhar e hoje preciso voltar às minhas atividades. O que eu tinha para dizer à imprensa sobre o ocorrido eu já disse”.