A indicação feita pela presidente Dilma Rousseff (PT) do advogado constitucionalista procurador do Estado do Rio Luís Roberto Barroso, 55, para o Supremo Tribunal Federal (STF) tem causado polêmica entre líderes religiosos.
Barroso é conhecido por ter defendido o ex-ativista político italiano Cesare Battisti e também por ter entre as causas que já defendeu no próprio Supremo a equiparação das uniões homoafetivas às uniões estáveis convencionais e a pesquisa com células-tronco aborto de anencéfalos, assuntos controversos no meio religioso.
– As uniões homoafetivas são fatos lícitos e relativos à vida privada de cada um. O papel do Estado e do Direito, em relação a elas como a tudo mais, é o de respeitar a diversidade, fomentar a tolerância e contribuir para a superação do preconceito e da discriminação – escreveu o advogado, em parecer sobre a causa gay.
A rejeição à escolha de Barroso vem de diversos grupos religiosos, e de várias vertentes e crenças.
O advogado Paulo Fernando, do grupo Pró-Vida, ligado à Igreja Católica, se manifestou contra a indicação feita pela presidente, afirmando que buscaria apoio especialmente de parlamentares ligados aos segmentos religiosos para fiscalizar Barroso.
– Vamos fazer uma espécie de dossiê com todas as declarações dele sobre os assuntos que nos são caros. Dificilmente o nome dele será derrubado, mas ele precisa saber que estamos de olho afirmou Paulo Fernando.
A escolha de Barroso para o STF foi recebida com críticas também entre os evangélicos. O pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitoria em Cristo (ADVEC), comentou a indicação afirmando se tratar de um indicativo para os evangélicos acerca dos valores defendidos pela presidente que contrastam com os valores evangélicos.
– É importante o povo evangélico ver as convicções ideológicas da presidente da república. Não adianta durante o período eleitoral aparecer na foto com pastores – afirmou Malafaia, que disse ainda que “nós, evangélicos, temos que amadurecer no processo eleitoral e exercer a nossa cidadania aqui na terra como o próprio Jesus falou, com inteligência e justiça”.
– Como podemos votar em alguém onde a sua pratica sinaliza seus princípios que são totalmente contrários aos nossos? O advogado indicado para a mais alta corte no país defende o aborto e a causa gay. Assim como a presidente tem o direito de fazer esta indicação, nós temos o direito de dizer com o nosso voto que não concordamos com esta ideologia. – completou o pastor.
Por outro lado, o nome do constitucionalista agradou aos ativistas gays, que o consideram “maravilhoso aliado da dignidade humana”.
– Foi a melhor pessoa para a nossa comunidade – diz texto de Toni Reis, secretário de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
A escolha foi também comentada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, que afirma que “ao nomeá-lo, Dilma certamente procurou dar uma resposta àquilo que as esquerdas chamam “onda conservadora no Brasil”.
– Barroso atuou ainda em favor da pesquisa com células-tronco embrionárias, união civil de homossexuais e do aborto de anencéfalos. Estivéssemos nos EUA, ele seria apontado como “um liberal”, segundo o vocabulário que se emprega lá. Aqui, o sinônimo é “esquerda”, eventualmente “progressista” na novilíngua que se passou a usar por aí – destacou Azevedo.
Por Dan Martins, para o Gospel+