A estreia do filme Nada a Perder nos cinemas aconteceu com quatro milhões de ingressos vendidos antecipadamente, mas nas salas onde o longa-metragem está sendo exibido, muitas cadeiras vazias chamaram a atenção da imprensa, repetindo a polêmica em torno da adaptação da novela Os Dez Mandamentos para as telonas.
Dois repórteres da agência Estadão Conteúdo visitaram salas de cinema em shoppings paulistanos e constataram que lugares exibidos como ocupados no sistema de bilheteria estava, na verdade, desocupados.
Foi o caso do Espaço Itaú de Cinema, localizado no shopping Bourbon, no bairro da Pompéia, que dedicou três salas ao filme sobre Edir Macedo. “Na sessão das 18h, na sala 7, a única opção disponível era a primeira fileira, mas durante a exibição do longa havia apenas um espectador na segunda fileira, dois na terceira e pouco menos da metade das poltronas ficaram vazias”, relataram os jornalistas André Cáceres e Pedro Antunes.
O mesmo cenário se repetiu no Cinemark do Central Plaza Shopping, do Jardim Ibitirama, na zona leste da capital paulista, região periférica e com grande presença da Igreja Universal do Reino de Deus.
“Após o início da exibição do filme, havia apenas cerca de 10% dos ingressos para a sessão das 20h20, na sala 1, e somente quatro poltronas estavam indisponíveis para compra na sessão das 20h40, na sala 8. Apesar de quinta-feira ser o dia das estreias cinematográficas, havia pouco movimento próximo à entrada do cinema”, comentaram Cáceres e Antunes.
O filme, dirigido por Alexandre Avancini (que também dirigiu a novela e o longa-metragem Os Dez Mandamentos), vendeu mais ingressos antecipadamente que a produção anterior da Record Filmes. O relato sobre o êxodo do povo hebreu, atual recordista de ingressos vendidos ao longo de sua exibição, vendeu 2,3 milhões de entradas antes da estreia, com 11,3 milhões no total. Nada a Perder já começa a disputa com 4 milhões, podendo tornar-se a maior bilheteria do cinema brasileiro.
A probabilidade de que isso aconteça, aliás, é grande, pois Nada a Perder está sendo exibido em 1.108 salas pelo país (um terço do total de salas no Brasil), contra as 1.099 telas em que Os Dez Mandamentos estreou.
Polêmica
Durante a exibição de Os Dez Mandamentos – que ultrapassou Tropa de Elite 2 com 200 mil ingressos vendidos a mais – houve acusações de que a Igreja Universal estaria comprando lotes de ingressos para para distribuir aos frequentadores da denominação, e assim, conquistar o recorde de bilheteria.
Embora a Universal tenha negado as acusações à época, a dúvida se repete agora, e novamente a denominação rebate: “O que existe é a mobilização espontânea de grupos e de membros da Universal, que se organizaram para que o maior número de pessoas tenha chance de assistir ao filme. Da mesma forma que os espíritas impulsionaram a audiência dos filmes Chico Xavier e Nosso Lar, bem como os católicos que lotaram sessões para acompanhar Aparecida – O Milagre. Mas, em uma pesquisa rápida, não encontramos registros deste fato como notícia”, diz uma nota no site da igreja.
“É claro que a Igreja Universal estimula seus adeptos a assistirem ao filme Nada a Perder […] Temos convicção de que, além da edificante história de vida do Bispo Edir Macedo – já contada na trilogia literária best seller que baseia o roteiro -, o longa-metragem é também a história da vida das pessoas que frequentam a Universal”, acrescenta o texto.
Ao final, mantendo o estilo agressivo, a denominação critica os profissionais da imprensa: “Talvez, alguns jornalistas imaginem que a Universal esteja proibida de recomendar filmes a seus fiéis. Pois chegaram tarde”.